Em seminário no Tapajós, mulheres debatem alternativas à violência
O Movimento dos Atingidos por Barragens realizou nos dias 2 e 3 de agosto o seminário Em defesa da vida: Mulheres atingidas na luta contra a violência em Itaituba, na […]
Publicado 05/08/2019
O Movimento dos Atingidos por Barragens realizou nos dias 2 e 3 de agosto o seminário Em defesa da vida: Mulheres atingidas na luta contra a violência em Itaituba, na região do Tapajós (PA).
Organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens em parceria com a Terra de Direitos e Comissão Pastoral da Terra (CPT), o seminário debateu a relação dos grandes empreendimentos com a violência contra as mulheres na Amazônia, além de propor formas de enfrentamento ao problema. O evento faz parte do projeto “Mulheres defensoras de direitos humanos na Amazônia construindo alternativas à violência”, desenvolvido pelo MAB com apoio da Christian Aid.
A atividade contou com a presença da professora Dra. Berenice Tourinho, da Universidade Federal de Rondônia, que contribuiu na análise de conjuntura e no tema da violência e exploração sexual de mulheres, crianças e adolescentes no contexto das grandes obras a partir do caso das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio (RO).
A docente afirmou que a violência contra as mulheres é estrutural na sociedade capitalista e está apropriada pelo mercado ponderando que a violência é cultural e já está presente antes da chegada das barragens, porém estas, quando se impõem, a aumentam exponencialmente. Este é um risco latente na região do Tapajós, onde estão previstas muitas grandes obras, como portos para o escoamento de soja, ferrovia, hidrovia, hidrelétricas e mineração.
Daiane Hohn, da coordenação do MAB, trouxe elementos do modelo energético brasileiro e sua relação com a violação dos direitos das mulheres atingidas. Segundo Daiane, as mulheres são as que mais sofrem no processo de construção das barragens. Seus direitos também são violados quando chega a conta de luz, pois no Brasil se cobra uma das tarifas mais caras do mundo, apesar da energia a base de água ser muito barata de produzir, pontua Daiane.
Maria Antonieta, da Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres da prefeitura de Itaituba, apresentou as medidas tomadas para o atendimento das mulheres vítimas de violência na cidade. Ela ressaltou que não há dados sistematizados sobre esse tema, mas sabe-se que há muitos casos na região.
Sabrina Assunção, da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), falou sobre os projetos da entidade para combater a violência contra a mulher, inclusive auxiliando a identifica-la, e reforçou que é um desafio garantir que as mulheres sejam atendidas com dignidade quando vão denunciar agressões.
Para finalizar o seminário, Aianny Monteiro, da Terra de Direitos, trouxe o debate sobre a importância do autocuidado, desde a esfera individual até coletiva e apontou caminhos para que as mulheres possam se proteger da violência, destacando que cada caso deve ser analisado particularmente, reforçando a importância das mulheres estarem unidas e organizadas.