Atingidos cancelam audiência do agronegócio no Tapajós

Na manhã de hoje (2/07), atingidas e atingidos pelos grandes projetos da região Tapajós disseram um “NÃO” à audiência pública que trataria do licenciamento da estação de transbordo e carga […]

Na manhã de hoje (2/07), atingidas e atingidos pelos grandes projetos da região Tapajós disseram um “NÃO” à audiência pública que trataria do licenciamento da estação de transbordo e carga da empresa Rio Tapajós Logística (RTL). A audiência estava marcada para as 9h no barracão de eventos da Igreja Nossa senhora de Nazaré, no Distrito de Miritituba, no município de Itaituba (Pará).

A RTL é mais uma das empresas do agronegócio que vem tentando se instalar na região, porém o povo já foi enganado pelas demais empresas portuárias já instaladas e em funcionamento neste território. Nas audiências públicas que já ocorreram para tratar de licenciamento e operação de portos de empresas como a Bunge e Cargil, não foram apresentados resultados concretos que compensassem os impactos sobre a vida dos povos na região.

A região do Tapajós é vista como um canal para o escoamento da soja produzida no Mato Grosso para exportação. Há uma série de projetos logísticos pensados com esse objetivo, como portos, estações de transbordo, hidrovia e ferrovia. A principal rota hoje é a rodovia Br 163 (Cuiabá-Santarém), que já vivencia um aumento drástico no número de carretas. “As comunidades sofrem com acidentes fatais ao longo das Br 163 e 230, além do aumento da prostituição, tráfico de drogas, violência, impacto nas áreas da saúde e educação e nos modos de vida das populações desta região”, afirma Frede Rênero, da coordenação do Movimento do Atingidos por Barragens (MAB) na região.  

“A audiência tem servido nestes casos para consolidar as instalações de grandes obras, as populações não são ouvidas, as informações não chegam com transparência, lideranças de comunidades são enganadas, enfim, o processo de licenciamento e construção desses projetos não tem a participação das comunidades”, denuncia.

Desta forma, movimentos sociais e populares, lideranças comunitárias, indígenas, ribeirinhos e camponeses decidiram pelo cancelamento da audiência. O secretário adjunto da SEMAS registrou em ata o adiamento da atividade.

“Não é só chegar aqui e fazer uma audiência e ir embora. Não basta falar que vai fazer uma audiência, passar só informação e no outro dia já fazer o licenciamento da empresa. A gente tá aqui pra lutar enquanto não fizer uma consulta do jeito que está no nosso protocolo” afirmou Alessandra Munduruku, guerreira da Aldeia Praia do Índio.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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