Atingidos cancelam audiência do agronegócio no Tapajós
Na manhã de hoje (2/07), atingidas e atingidos pelos grandes projetos da região Tapajós disseram um NÃO à audiência pública que trataria do licenciamento da estação de transbordo e carga […]
Publicado 02/07/2019
Na manhã de hoje (2/07), atingidas e atingidos pelos grandes projetos da região Tapajós disseram um NÃO à audiência pública que trataria do licenciamento da estação de transbordo e carga da empresa Rio Tapajós Logística (RTL). A audiência estava marcada para as 9h no barracão de eventos da Igreja Nossa senhora de Nazaré, no Distrito de Miritituba, no município de Itaituba (Pará).
A RTL é mais uma das empresas do agronegócio que vem tentando se instalar na região, porém o povo já foi enganado pelas demais empresas portuárias já instaladas e em funcionamento neste território. Nas audiências públicas que já ocorreram para tratar de licenciamento e operação de portos de empresas como a Bunge e Cargil, não foram apresentados resultados concretos que compensassem os impactos sobre a vida dos povos na região.
A região do Tapajós é vista como um canal para o escoamento da soja produzida no Mato Grosso para exportação. Há uma série de projetos logísticos pensados com esse objetivo, como portos, estações de transbordo, hidrovia e ferrovia. A principal rota hoje é a rodovia Br 163 (Cuiabá-Santarém), que já vivencia um aumento drástico no número de carretas. As comunidades sofrem com acidentes fatais ao longo das Br 163 e 230, além do aumento da prostituição, tráfico de drogas, violência, impacto nas áreas da saúde e educação e nos modos de vida das populações desta região, afirma Frede Rênero, da coordenação do Movimento do Atingidos por Barragens (MAB) na região.
A audiência tem servido nestes casos para consolidar as instalações de grandes obras, as populações não são ouvidas, as informações não chegam com transparência, lideranças de comunidades são enganadas, enfim, o processo de licenciamento e construção desses projetos não tem a participação das comunidades, denuncia.
Desta forma, movimentos sociais e populares, lideranças comunitárias, indígenas, ribeirinhos e camponeses decidiram pelo cancelamento da audiência. O secretário adjunto da SEMAS registrou em ata o adiamento da atividade.
Não é só chegar aqui e fazer uma audiência e ir embora. Não basta falar que vai fazer uma audiência, passar só informação e no outro dia já fazer o licenciamento da empresa. A gente tá aqui pra lutar enquanto não fizer uma consulta do jeito que está no nosso protocolo afirmou Alessandra Munduruku, guerreira da Aldeia Praia do Índio.