Atingidos e trabalhadores se reúnem em Encontro Estadual do MAB-ES

Uma Plenária da Plataforma Operária e Camponesa de Energia também foi realizada São mais de 100 atingidos pelo crime da Samarco de todo o estado do Espírito Santo reunidos no […]

Uma Plenária da Plataforma Operária e Camponesa de Energia também foi realizada


São mais de 100 atingidos pelo crime da Samarco de todo o estado do Espírito Santo reunidos no primeiro Encontro Estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB. Fortalecendo a organização e luta pelos direitos dos atingidos pelo crime da Samarco/Vale/BHP, a atividade está sendo realizada entre os dias 14 e 15 de junho, no Centro Sindical dos Bancários, em Vitória.

“O MAB esta cada dia mais forte no estado, organizando os atingidos pelo crime da Samarco e buscando os nossos direitos. Esse Encontro é um importante momento de celebração da luta e fortalecimento dessa união”, comemora Heider Boza, militante do MAB.

Com uma intensa programação de estudos e debates, o Encontro realiza sua primeira mesa em Plenária Estadual da Plataforma Operária e Camponesa de Energia, em debate sobre os altos preços dos biocombustíveis e sua relação com a soberania energética do Brasil, realizada na tarde de quinta-feira (14).

“Debater energia não é um assunto de petroleiro ou eletricitário e sim daqueles que são donos dessa riqueza, de todo o povo brasileiro. A Plataforma tem a missão de disseminar essa informação, vamos todos juntos botar pra correr esses corsários do Temer e sua corja e reconstruir o Brasil”, anima-se João Antônio de Moraes, diretor da Federação Única dos Petroleiros-FUP.

Os presentes na mesa denunciam que o governo de Michel Temer tem iniciado a entrega do patrimônio do povo brasileiro à empresas multinacionais e venda de ações no mercado internacional, com a privatização de serviços essenciais como energia e água. Com a participação de eletricitários, petroleiros, urbanitários, atingidos por barragens e professores, a Plataforma de Energia busca construir unidade em defesa dessas riquezas.

O urbanitário Fábio Giori, diretor do Sindaema, explica que a Temer pretende privatizar também o saneamento no Brasil, na contramão do que acontece em todo o mundo, onde empresas antes privatizadas têm sido reestatizadas. Com a aprovação da Medida Provisória em trâmite em Brasília, estaria liberada à empresas privadas a concorrência pelas licitações do serviço, hoje restrito aos municípios e estados.

“A iniciativa privada ficaria com os serviços onde há altos lucros e o Estado seria responsável pelas localidades com população baixa, em que há déficit financeiro. Isso faria as estatais quebrarem e povo brasileiro é que sentiria o baque”, afirma. Altos tarifas de água, péssima qualidade no serviço e precariedade para os trabalhadores serão os custos dessa privatização.

Diretor do Sindicato dos Eletricitários do Espírito Santo, Newton reforça a necessidade de unidade na luta pela soberania. Ele conta que o Brasil é um dos poucos países do mundo com um sistema de energia interligado, que possibilita o abastecimento de todo o país com qualidade e o atual governo está negociando a privatização de todo o Sistema Eletrobrás.

“Nós temos riqueza de água, trabalhadores qualificados e um alto potencial energético.  Isso faz os olhos do capital internacional se voltarem para o Brasil e o risco é perdermos o controle da energia e dos nossos rios”, afirma. A categoria realizou uma greve de 72 horas contra a privatização da Eletrobrás, que acabou dia 13 de junho. 

A entrega do pré-sal e outros serviços da Petrobrás aos investidores internacionais praticada por Temer é o início da privatização da maior estatal Brasileira, e uma das maiores do mundo. “A Petrobrás investiu milhões em pesquisas, descobriu e passou a retirar e trabalhar com o pré-sal, isso foi pioneiro em todo o mundo. Os governos Lula e Dilma garantiram que o Brasil fosse o único a gerir o esse petróleo espacial e, com a criação do Fundo Soberano, a aplicação social dessa riqueza. O governo de (Michel) Temer já acabou com essas duas garantias”, denuncia Moraes.

Os atingidos pelo crime da Samarco/Vale/BHP no Espírito Santo reafirmaram seu compromisso com a luta unitária pela soberania. “Nós fomos atingidos pela lama da vale, que era estatal e foi privatizada. E se a Petrobrás for privatizada também, vamos ter banho de óleo?”, provoca Tchena Maso, militante do MAB.

Em um momento de golpe no país, com forte criminalização dos movimentos sociais, a manipulação midiática e retirada de direitos é fundamental a unidade para a luta. Para Tchena, é preciso rever as questões estruturais do país, principalmente em serviços essenciais, justamente os alvos de privatização de Temer. “As lutas de todos nós se complementam, pois Soberania é o controle sobre todas as nossas riquezas e nosso território, é construir o poder popular”, convoca.

Os atingidos seguem reunidos na quarta, em debate sobre organização, luta e desafios no estado do Espírito Santo. No sábado, Vitória recebe o Congresso do Povo, para debater a construção do Projeto Popular para o Brasil, com a participação também dos presentes no Encontro do MAB.