Família de Santa Catarina com projeto PAIS garante auto-abastecimento de alimentos

No contexto atual, de domínio do modelo violento do agronegócio no campo, a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) se posiciona como um modelo que garante alimentos de qualidade às […]

No contexto atual, de domínio do modelo violento do agronegócio no campo, a Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) se posiciona como um modelo que garante alimentos de qualidade às famílias, agrega renda e permite a vida no meio rural, em harmonia com a natureza.

A família Kern, descendente de alemães, vive em um sítio perto do rio Uruguai, no município de São Carlos, em Santa Catarina. Só lhes resta produzir café, erva mate para o tradicional e indispensável chimarrão, e farinha de trigo. O resto, tudo é produzido em casa, sem veneno, e com as próprias mãos. Frango caipira, ovos, carne, leite, queijo, sal temperado, arroz, feijão, mandioca, milho: tudo no quintal. No sítio vivem a mãe Zuleica, o pai Waldemir, a Luiza, de 11 anos, e Davi, filho de 17. A história da família foi matéria recente do Globo Rural (25/03/18) , que mostrou o sucesso no auto-abastecimento.

É importante destacar que mesmo não sendo apresentado na matéria, a família participa de uma conquista da organização e as lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens. Num projeto conquistado pelo MAB, e desenvolvido em parceria com a Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (ADAI), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação Banco do Brasil, a instalação dos PAIS chegou à vida da família Kern. Já são mais de 70 hortas com aquecedores solares instaladas no estado de Santa Catarina (SC).

Waldemir explica: “Estas coisas não se conquistam de um dia para outro. Faz uns 20 anos que a gente está trabalhando em cima disso. Mas o que nos deu o impulso mesmo foi a chegada do projeto PAIS, que veio viabilizar a concretização do que a gente vinha trabalhando há anos. Faltava aquele incentivo”.

Segundo Zuleica, “o PAIS contribui porque tornou possível colocar em prática aquilo que tínhamos em mente de fazer em um pequeno pedaço de terra. É uma tecnologia social que propicia isso, que permite juntar aves, pequenos animais e as hortaliças. Também propicia a irrigação, que nos permite produzir em diferentes períodos do ano”. E acrescenta: “o nosso método de produção está despertando o interesse de muitas pessoas, que vem visitar, tanto nosso sítio como o sítio de outras famílias que produzem desse jeito, sem veneno, apontando na sustentabilidade e garantindo a alimentação das nossas famílias”.

Rudinei Cenci, técnico agropecuário e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens, disse que “é de fundamental importância a luta das populações atingidas e ameaçadas por barragens na construção e fortalecimento de um modelo de agricultura que coloque no centro o debate da produção agroecológica, de alimentos saudáveis, a manutenção do camponês no meio rural, que traga qualidade de vida e agregue renda a essas famílias”. Para Rudinei, é muito importante disseminar esses projetos, para permitir que muito mais famílias tenham acesso a esta tecnologia social para promover a soberania alimentar e reduzir a tarifa de energia elétrica com a instalação do aquecedor solar.

Tem pelo menos duas coisas que a família Kern não acostuma fazer: ir ao mercado e ir ao médico. Fazer compras nem é tão necessário, só vão uma vez ao mês para comprar as poucas coisas que ainda não produzem em casa. Ir ao médico tampouco. A maioria das vezes, com doenças leves como gripes ou resfriados, conseguem curar com plantas medicinais que eles mesmos produzem e coletam no sítio. Para Zuleica, as vantagens são várias, como não gastar dinheiro, ter melhor saúde, saber o que se está produzindo e comendo, e garantir o cuidado das sementes, coisa que fazem com muito cuidado e carinho desde há muitos anos. Outra vantagem são os aquecedores solares, que permitem às famílias uma redução de até 30% na conta de energia.

Waldemir, disse que se tivesse que falar para outras pessoas sobre o PAIS e a produção agroecológica falaria que “com certeza vale muito a pena”. Destaca que as pessoas devem estar cientes de que vão ter que trabalhar para se desfazer do veneno, mas que depois que começarem vão se encantar com o processo, uma forma de produzir na que você sempre quer ir a mais: “A gente quer agroecológico e vamos seguir trabalhando em cima disso”.

Confira a matéria da Globo Rural no seguinte link:

http://http://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2018/03/familia-de-agricultores-de-sc-produz-quase-tudo-o-que-consome.html

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