Prisão do Padre Amaro: Mais um atentado aos defensores de direitos humanos na Amazônia
Movimentos sociais da região do Xingu divulgam carta coletiva contra a prisão arbitrária do Padre Amaro, militante da luta pela terra na região. Leia a seguir. Nesta manhã de terça-feira […]
Publicado 28/03/2018
Movimentos sociais da região do Xingu divulgam carta coletiva contra a prisão arbitrária do Padre Amaro, militante da luta pela terra na região. Leia a seguir.
Nesta manhã de terça-feira (27 de março), a região do Xingu (PA) foi surpreendida com a injusta prisão preventiva do padre católico e defensor de Direitos Humanos e ambientais, José Amaro Lopes de Sousa.
Padre Amaro, como é conhecido pelo povo do Xingu, há décadas atua como missionário da Prelazia do Xingu na Região da Transamazônica, seguindo os passos do seu mestre Jesus Cristo e continuando a luta da irmã Dorothy, com o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. Ele foi preso provisoriamente no início da Semana Santa, data simbólica na fé cristã que rememora a morte e ressureição de Jesus Cristo.
Foto: Divulgação
A prisão preventiva do padre Amaro ocorre em um contexto de conflitos fundiários no Pará e não está desvinculada de outros crimes que já aconteceram na região como ameaças, difamação, calúnia, agressões e execuções de pessoas que lutam pela reforma agrária, pela igualdade e ousaram questionar o consórcio da morte executor da irmã Dororthy Stang, Ademir Federick (DEMA), Brasília Bartolomeu Dias (Brasília), Maria do Espirito Santo, Zé Cláudio e Chico Mendes, das vítimas da chacina de Pau Darco e Colniza, entre outros executados e silenciados pela crueldade, covardia e ganância.
Trata-se de um grande consórcio da morte composto por latifundiários, que age por meio da militarização contra o povo, e é legitimado por membros corruptos do poder judiciário, executivo, legislativo e entre outros que desrespeitam leis ambientais e fundiárias, acordos internacionais e convenções socioambientais e direitos fundamentais (acesso à moradia, saúde, educação e a vida).
A operação responsável pela prisão de Padre Amaro foi nomeada ironicamente Operação Eça de Queiroz, em alusão ao personagem da obra O Crime do Padre Amaro. Desnecessário dizer como é inapropriado comparar nosso Padre Amaro, defensor dos direitos dos mais fracos, com este personagem corrupto e criminoso criado por Eça de Queiroz. Diferente do personagem, esse religioso, lutador e defensor de povos amazônicos, contraria apenas aqueles que não se felicitam em ver os trabalhadores mais pobres conquistarem direitos.
Diante desses motivos, os movimentos sociais se posicionam contra a prisão do Padre Amaro, são solidários à sua luta e estão juntos na sua defesa e na defesa dos direitos da terra, da liberdade de expressão e da vida.
Assinam: Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Frente Brasil Popular, Movimento Negro, Coletivo de Mulheres do Xingu, Movimento de Mulheres Campo e Cidade, Pastoral da Juventude, Comissão Justiça e Paz, Coletivo de Mulheres Negras Maria Maria, Casa de Educação Popular, Levante Popular da Juventude, Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Pastoral da Criança, Fórum em Defesa de Atamira, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri), Sindicato dos trabalhadores de Educação Pública do Pará (Sintepp Regional), Mutirão Pela Cidadania, Associação de Mulheres Altamira Região, Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), Sindicato dos Trabalhadores Públicos Federais do Pará (Sintsep), Associação de Mulheres Trabalhadores de Brasil Novo (Amtaban).