Luta pela água ganha força no Ceará

Moradores do município Caucaia estão mobilizados desde o início da manhã para protestar contra projeto que retira água do povo e destina a grandes empresas

Foto: arquivo MAB

No Ceará, a guerra pela água se intensifica cada vez mais. Na manhã desta quinta-feira (7), comunidades contrárias ao projeto de uso das águas do Lagamar do Cauípe organizaram mobilizações na comunidade Coqueiro, município de Caucaia (CE), paralisando a Estrada da Pedra e logo em seguida ocupando o trecho do canteiro da obra em curso na comunidade.

O projeto de uso das águas do Lagamar do Cauípe é uma proposta do Governo do Estado do Ceará, que tem como objetivo retirar cerca de 200 litros de água por segundo da Lagoa para abastecer o sistema do Eixão das Águas. O problema é que além das comunidades não terem sido consultadas se queriam ou não a obra, as famílias se preocupam e questionam que parte considerável dessa água irá saciar a sede dos grandes empreendimentos do Complexo Industrial e Portuário do Pecém e não atender os interesses das comunidades do entorno. Além dessa obra, também está em curso o projeto de perfuração de dezenas de poços em regiões do município de São Gonçalo do Amarante, onde as comunidades também permanecem contrárias e mobilizadas.

Para Evanilson Maia, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), “discutir controle e distribuição da água é discutir soberania. Não é possível aceitar que as empresas usufruam do volume de água que quiserem, enquanto as comunidades sofrem sem acesso, perdendo os seus rios e sendo atingidas pelos impactos socioambientais desses processos”.

Movimentos sociais como o MAB, o Levante Popular da Juventude e Povo Indígena Anacê estão presentes no ato junto à população das comunidades. Foto: arquivo MAB

Paloma Silva, que é moradora da comunidade Coqueiro, afirma que “a forma como o governo, junto com as empresas, está conduzindo esse processo é revoltante, porque é possível perceber que a prioridade desse modelo de desenvolvimento são as empresas e não o povo. Por isso estamos nos mobilizando, tanto para pedir a paralisação dessa obra, como também para exigir que o governo faça um plano de desenvolvimento e preservação das comunidades da região e não olhe somente para as empresas”.

Nesse momento, as famílias estão construindo um acampamento na obra e a ideia é realizar a tarde uma grande assembleia com a participação das comunidades, lideranças e apoiadores da luta.

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