A força das mulheres atingidas no Encontro Nacional

Cuidar dos filhos, da casa, da vida e ainda ter tempo para estar na luta. Ser militante em um contexto machista, que muitas vezes demanda das mulheres uma jornada dupla […]

Cuidar dos filhos, da casa, da vida e ainda ter tempo para estar na luta. Ser militante em um contexto machista, que muitas vezes demanda das mulheres uma jornada dupla e até mesmo tripla, é algo que exige muita disposição. Mas a força dessas mulheres pode ser percebida nos mínimos detalhes, basta uma observação mais atenta, dois dedos de prosa ou olhar essas mulheres de frente. As atingidas trazem nos olhos a garra e a força de sua luta.

O MAB tem priorizado a participação das mulheres no último período e o resultado é uma forte presença delas no Encontro Nacional. Em uma volta pelo Terreirão do Samba elas já despontam, desabrocham como flores em uma primavera. Artesãs, cozinheiras, cirandeiras, seguranças… Em todos os espaços de construção do evento, lá estão elas. 

Uma dessas flores é Maria José Souza Fonseca, ou Toca como é conhecida na região. Produtora rural em Virgem da Lapa (MG), com 57 anos, Maria passou a vida inteira se dividindo entre a plantação, os cuidados com a casa e com os 28 filhos. Uma das responsáveis pela tarefa da cozinha do estado, Toca afima de boca cheia: “É muito importante eu estar aqui! Saí de última hora, mas vim. E estou muito feliz de estar aqui!”

Marcela Ever é de Belém do Pará. Ela é professora, mas aqui no Encontro está na tarefa da infraestrutura. Em casa, há mais de 3 mil quilômetros de distância, ela deixou o filho de apenas 7 anos, que estava em semana de provas e ficou com a avó. Apesar de sacrificar a companhia do filho, Marcela afirma que a presença das mulheres no encontro é fundamental: “É imprescindível nós estarmos aqui, nos formando, capacitando. Senão sempre seremos representadas por outras pessoas, mas nunca protagonistas das nossas lutas.”

Caroline Otávio, de 24 anos, é do Levante Popular da Juventude. Ela está na tarefa da agitação e propaganda. Sua equipe é responsável pela ornamentação do Encontro. Estudante de Ciências Sociais, na Faculdade Rural do Rio de Janeiro, Caroline se divide entre as tarefas do movimento e a faculdade. Entre uma atividade e outra ela se prepara para a prova que vai encarar na sexta-feira. Mas mesmo assim Caroline não hesitou em participar do Encontro Nacional do MAB.

“As mulheres são as principais atingidas pelos retrocessos em curso no nosso país. Por causa da estrutura do patriarcado são elas as que mais sentem, porque somos nós as responsáveis pelo cuidado com a família, com a casa, com as contas. Então é fundamental que nós também estejamos aqui nesta luta!”

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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