Juventude Camponesa da Via Campesina em RO realiza III Acampamento
Com muita música, mística e animação a Juventude da Via Campesina em Rondônia iniciou na tarde da última sexta-feira, 2 de junho, o seu III Acampamento na sede do Sindicato […]
Publicado 05/06/2017
Com muita música, mística e animação a Juventude da Via Campesina em Rondônia iniciou na tarde da última sexta-feira, 2 de junho, o seu III Acampamento na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de RO (SINTERO), na cidade de Ouro Preto do Oeste-RO.
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São mais de 150 jovens camponeses, sem-terras, indígenas e atingidos por barragens vindos de todas as regiões de Rondônia e representações de Mato Grosso, Pará e Santa Catarina, que nos próximos quatro dias irão debater os impactos do agronegócio na juventude e no meio ambiente, as reformas da previdência e trabalhista, e, a luta pelas Diretas Já.
A mesa de abertura foi composta pela juventude que teve por tarefa apresentar suas organizações e lutas. Florenildo Macedo da Mata, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), destacou a forma de ensino. A escola que temos hoje, não deixa as crianças e os jovens abrirem suas mentes é um quadrado que não deixa sonhar com dias melhores, mas aqui é nosso espaço e esse acampamento será uma grande escola, que possamos sair com a mente mais aberta do que já temos.
A jovem camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Edilaine Santos Barros, destacou a origem do Movimento e em qual conjuntura o país vivia, bem como, suas lutas travadas quanto Movimento Nacional deste então, destacando a participação da juventude na sua construção. Como um novo marco histórico na caminha do MPA, estão a Aliança Camponesa e Operária por meio do Alimento Saudável e o Mutirão da Esperança Camponesa. Estamos na luta desde sempre e para sempre vamos continuar, afirma a jovem camponesa.
Francisco Kelvim Nobre da Silva, jovem atingido por barragem do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirma: o MAB nasce a partir das contradições do Modelo Energético. E esse momento é muito delicado, entretanto como dizia Mao Tsé Tung, quando tudo sob o céu está mergulhado no caos; a situação é excelente, a juventude tem papel central nas lutas contra os golpes, não podemos deixar que esse governo, que deu o golpe, que é financiado pelo imperialismo e pelo agronegócio siga no governo, ou escolha outro para tal, por isso Diretas Já.
Por sua vez, Virginia Miranda de Souza, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), enfatiza o momento histórico do surgimento da organização. O CIMI nasce ainda no período da Ditadura Militar quando vários povos indígenas foram dizimados, não apenas quanto sujeitos, mas como entidade também.
A representante do CIMI também fala da demarcação de terras, das lutas dos povos indígenas que em muito se assemelha com a dos camponeses. A luta é igual dos indígenas e camponeses. É muito importante que a juventude do campo e indígena se unam. Destacando ainda o desmonte da Educação Camponesa e Indígena e a implantação do EMITEC (Programa de Ensino Médio com Intermediação Tecnológica) no Estado de RO. Quando falamos da luta pela terra, os primeiros a lutar pela terras foram os indígenas e a prova disse é que estão ai, mais de 500 anos de resistência, mesmo depois de anos de massacres, seguimos. Para termos uma ideia, em Rondônia há 60 povos indígenas e apenas 20 deles tem áreas demarcadas. Hoje são mais de 100 PECs e PLs para retirar os direitos dos povos indígenas, são muitas mesmo, afirma Virginia.
Beatriz Santos Buffon, jovem do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), aponta: o MST se constitui como Movimento Nacional em 1984, com o objetivo de organizar os trabalhadores sem-terra para lutar pela Reforma Agrária. Beatriz fala ainda sobre a necessidade de produzir alimentos saudáveis com preço justo para os trabalhadores da cidade, apontando as Feiras como forma de venda direta. A Reforma Agrária não está na pauta desse Estado burguês, então a gente precisa construir uma Reforma Agrária Popular e ela só e sustentada por quem faz, afirma a jovem militante do MST.
Representando a Via Campesina, Carlos Frederico Santana (Fredi) destaca o surgimento da Via em 1993 como uma demanda das organizações do campo em todo mundo. A Via campesina nasce com o objetivo de unificar a luta internacional contra o Imperialismo que se apresenta nas mais diversas facetas e frentes em cada país. No Brasil, 15 organizações do campo em todos os Estados fazem parte da Via Campesina, a nível internacional está presente em 88 países, divididos em 10 grandes regiões, em 4 Continentes e contempla 183 organizações. Fredi destaca ainda o papel e a articulação da Juventude da Via Campesina em RO da qual este III Acampamento é um dos frutos.
O acampamento é organizado pelos movimentos que compõe a Via Campesina no Estado, entre eles CIMI, MAB, MST, MPA e CPT. A programação do III Acampamento da Juventude contempla ainda mesas de debates, rodas de conversas, oficinas, integração e espaços culturais, como parte da Jornada Nacional Juventude em Luta Permanente: o Agronegócio Destrói o Meio Ambiente, que está sendo realizada de 1º a 5 de junho deste ano, 2017, dia nacional do Meio Ambiente
Por Adilvane Spezia – Comunicação do III Acampamento da Via Campesina-RO