Atingidos por Belo Monte ocupam sede do Ibama em Altamira

Moradores da lagoa do bairro Independente 1 ocuparam a sede do Ibama em Altamira nesta segund-feira (26 de setembro). O objetivo é pressionar o governo federal para encaminhar uma solução […]

Moradores da lagoa do bairro Independente 1 ocuparam a sede do Ibama em Altamira nesta segund-feira (26 de setembro). O objetivo é pressionar o governo federal para encaminhar uma solução para garantir o direito à moradia de 500 famílias atingidas por Belo Monte e que não são reconhecidas como tal pela Norte Energia.

“A Norte Energia descumpre uma das condicionantes mais importantes, a do saneamento de Altamira, quando permite que 500 famílias vivam em área permanentemente alagadiça dentro da cidade, sem água potável e tratamento de esgoto”, diz Iury Paulino, da coordenação do MAB. “Além disso, é evidente a relação com a hidrelétrica, pois as pessoas não viviam naquelas condições antes do empreendimento”, afirma.

“Antes da barragem, eu morava no centro da cidade e pagava um aluguel de R$ 200. De uma hora para a outra, com a chegada da obra, o dono passou a cobrar R$ 1.500. Foi assim que tive que vir morar na lagoa”, afirma Izan, coordenador do MAB na comunidade.

Os atingidos só desocuparam o local após as 15h30 da tarde, mediante o compromisso da representante da casa de governo de que o secretário adjunto de articulação social virá na próxima terça-feira (4 de outubro) para iniciar uma espécie de mesa de negociações com a comunidade e demais órgãos responsáveis, como prefeitura de Altamira, Ibama, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União.  

“Vamos aguardar essa semana com esse compromisso, mas se, mais uma vez a comunidade foi desrespeitada, vamos voltar a fazer luta”, afirmou o morador Daniel.

A ocupação de hoje ocorre após a presidenta do Ibama, Suely de Araújo, vir a Altamira e reunir com a comunidade. A Norte Energia alega que não há impacto de Belo Monte no local pois ali há a existência de um “aquífero suspenso”, isolado do lençol freático. O Ibama considerou a teoria plausível e exigiu da empresa um ano de monitoramento do local para comprovar a tese. Para os atingidos, a Norte Energia é diretamente interessada em não reconhecer o direito dos atingidos, portanto é suspeita ao realizar esse estudo. “É como colocar o assassino para investigar a cena do crime”, afirmou um morador.