Movimento latino-americano de atingidos por barragens é lançado durante ato político em Chapecó (SC)

Com a presença de organizações de 12 países da América Latina, o Movimiento dos Afectados por Represas Latino Americano foi oficialmente lançado como plataforma política que pretende lutar pela soberania […]

Com a presença de organizações de 12 países da América Latina, o Movimiento dos Afectados por Represas Latino Americano foi oficialmente lançado como plataforma política que pretende lutar pela soberania da água e por um projeto energético popular em todo continente


“Aqui não nasce o MAR, aqui avança o MAR. Porque essa é uma luta histórica que tem continuidade hoje com o lançamento do Movimiento de Afectados por Represas da América Latina. Viva o MAR”, saudou o militante colombiano dos Rios Vivos, Juan Pablo Soler. Foi dessa maneira que se iniciou o ato político de lançamento do Movimiento de Afectados por Represas Latino Americano (MAR), realizado nessa sexta-feira (23), na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó (SC).

Com a presença de organizações de 12 países da América do Sul e Central, o evento foi um marco no processo de articulação que se gestou desde 2010. Foram diversos encontros, atividades e formações que culminaram nas linhas políticas gerais do MAR.

De acordo com Tatiane Paulino, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o MAR nasce em um momento fundamental para a luta popular no continente. “O MAR, como ferramenta política que rompe as fronteiras e nos une numa luta conjunta, é essencial nessa conjuntura de ofensiva do neoliberalismo e de golpes de estado, como o vivenciado aqui no Brasil”, afirmou.

As diretrizes do MAR se pautam na construção do socialismo em toda América Latina, na defesa dos territórios, na soberania sobre os rios e as águas, além de apontar para a construção de um projeto energético popular.

Presente, presente, presente!

No final da cerimônia, houve uma homenagem a todos os lutadores latino-americanos mortos no último período, em decorrência da ofensiva das multinacionais, com a conivência dos estados.

“Kimy Pernia Danicó, da Colômbia: presente!; Nelson Giraldo, da Colômbia: presente!; Nicinha, do Brasil: presente!; Hitler Rojas, do Peru: presente!; Berta Cáceres, de Honduras: presente!; Miguel Pabón, da Colômbia: presente!; Noe Vasquez, do México: presente!; Andres Miguel, da Guatemala: presente!; todos os 19 mortos no rompimento da barragem em Mariana, no Brasil: presente, presente, presente!”, gritaram todos os participantes no encerramento do ato.

Exposição do rio Doce

Paralelamente ao lançamento do MAR, foi montada uma exposição sobre o rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale/BHP Billiton), no prédio central da UFFS.

Denominada “Tragédia Anunciada: registros fotográficos do crime em Mariana”, a mostra reúne cinqüenta fotografias, de quatro profissionais, que escancaram as conseqüências da lama na vida das populações que vivem no entorno dos rios Gualaxo do Norte, Carmo e Doce.   

Além disso, a mostra apresenta também uma maquete que retrata toda a extensão da bacia do rio Doce, de Minas Gerais ao Espírito Santo, afetada pela lama da Samarco. A obra é de autoria do artista Wélidas Monteiro, mais conhecido como Preto, que viveu e se criou no distrito de Bento Rodrigues.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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