Manifesto público e anúncio da construção do Movimento Internacional de Populações Atingidas

Atingidos por barragens de mais de 60 países lançam, em Belém, um movimento internacional contra crimes socioambientais e a crise climática

Ato político de lançamento do Movimento Internacional dos Atingidos por Barragens, Crimes Socioambientais e Crise Climática. Foto: Anna Mathis / MAB

Reunidos em Belém, na Amazônia brasileira, durante o IV Encontro Internacional de Comunidades Atingidas por Barragens e Crise Climática, depois de termos realizado encontros continentais na África, na América, na Asia e na Europa, envolvendo organizações – de mais de 60 países -, nos manifestamos nos seguintes termos:

  1. Em todos os países, devemos trabalhar pela união e entendimento da luta e da organização das populações atingidas;
  2. Consideramos que o atual modo de produção hegemônico é nosso inimigo. Este modo de produção, no atual momento, faz com que aumente exponencialmente o número de pessoas atingidas ou ameaçadas por empreendimentos, por políticas que favorecem a acumulação da riqueza nas mãos de poucos e pela eminente crise climática.;
  3. Considerando esta dramática realidade, decidimos construir um Movimento Internacional dos Atingidos por Barragens, por Crimes Socioambientais e pela Crise Climática. Pretendemos ser um forte movimento de massas e de base, com realidades e identidades locais, regionais e nacionais, que responda às necessidades específicas das populações atingidas, para a construção de um projeto energético popular e lute para transformar pela raiz todas as estruturas injustas da sociedade;
  4. Nossa luta é contra todas as formas de exploração e opressão dos povos que trabalham e produzem a riqueza. O caráter de nossa luta é anticapitalista, anti-imperialista, antirracista, antipatriarcal, anti-homofobia e anticolonial;
  5. A mensagem política do Movimento articula o horizonte da transformação social, a conquista de direitos e uma adequada sustentabilidade ambiental;
  6.  Persistiremos na construção nacional do Movimento em cada país, com protagonismo das populações atingidas, intencionalizando a participação de jovens e mulheres;
  7. A solidariedade internacionalista será uma premissa básica de nossa atuação;
  8. Estimularemos a pedagogia do exemplo, como a melhor forma de convencer todos para participarem da organização e das lutas;
  9. Uma coordenação inicial formulará um programa sistemático de formação de militantes e lideranças, com base na educação popular e;
  10. Iremos fortalecer nosso trabalho construindo alianças com forças e organizações que compartilham os mesmos objetivos.

Atingidos de todo o mundo, uni-vos!

Águas para a vida, não para a morte!

Água e energia não são mercadorias!

Amazônia brasileira, 12 de novembro de 2025.

Conteúdo relacionado
| Publicado 12/11/2025 por Grasiele Berticelli / MAB

Barqueata marca a abertura da cúpula dos povos com um manifesto fluvial pela vida e pelos territórios

Ato sobre as águas marca a abertura da Cúpula dos Povos e reafirma a força das comunidades atingidas na luta por justiça socioambiental

| Publicado 11/11/2025 por Camila Fróis / MAB, Rafael Zan / MAB

Lideranças de diferentes países discutem políticas de proteção às comunidades atingidas em todo o mundo

Durante o Encontro Internacional de Atingidos, em Belém (PA), representantes de cinco continentes apresentaram experiências e desafios na construção de políticas públicas voltadas à reparação e à justiça socioambiental

| Publicado 12/11/2025 por Victória Holzbach / MAB

PERFIL | Ana Liza Caballes: o mundo novo pelo qual uma filipina luta nos EUA

Para a moradora de Nova Iorque, a luta por direitos básicos e contra o imperialismo é guiada por um princípio de sua língua natal: a profunda conexão e igualdade entre todos os seres