MAB participa de Encontro histórico dos Povos de Matriz Africana em Belo Horizonte
1º Encontro de Povos e Comunidades Tradicionais de Religião Ancestral de Matriz Africana reuniu lideranças tradicionais, movimentos sociais e organizações populares em defesa da justiça socioambiental e dos territórios ancestrais
Publicado 09/10/2025 - Actualizado 10/10/2025

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou, no último sábado (4), do 1º Encontro de Povos e Comunidades Tradicionais de Religião Ancestral de Matriz Africana (PCTRAMA) – Trajetória de luta por justiça socioambiental: a defesa do território ancestral, realizado em Belo Horizonte (MG). O evento reuniu lideranças tradicionais, representantes de movimentos sociais, autoridades públicas, acadêmicos e militantes em um dia dedicado a diálogos, rituais, debates e articulações políticas em defesa dos territórios e da ancestralidade.
Promovido na sede da CUT Minas Gerais, o encontro marcou um momento histórico para os Povos de Matriz Africana em todo o país, com a Assembleia de Fundação da Associação Nacional dos PCTRAMA. A nova entidade nasce como resultado de anos de luta coletiva e articulação em rede, com o objetivo de fortalecer a organização política e a incidência dos povos tradicionais na defesa de seus direitos e territórios.
A programação contou com rodas de conversa sobre justiça climática, reparação histórica, saberes e práticas ancestrais, além da leitura da Carta Política à COP30. O ponto alto do encontro foi a eleição da primeira diretoria e a assinatura da Ata de Fundação da PCTRAMA, um marco simbólico e estratégico na luta por justiça socioambiental no Brasil.
O MAB foi representado por Joelisia Feitosa, da coordenação regional do movimento em Juatuba (MG). Em sua fala, Joelisia destacou a importância da unidade entre os atingidos e os povos tradicionais na defesa dos direitos e na denúncia das violações que atingem as comunidades.
“Foi uma oportunidade rara de discutirmos a situação climática, mas principalmente as violações de direitos. No caso da população atingida, os povos e comunidades tradicionais enfrentam grandes dificuldades para acessar os programas de transferência de renda, sendo que é um direito deles também. Outro ponto é a questão das assessorias técnicas que vem sofrendo ataques e correm o risco de acabar, o que prejudicaria muito o processo de reparação dessas comunidades”, afirmou Joelisia.
Joelisia também denunciou a falta de atuação das Instituições de Justiça, que deveriam proteger as populações atingidas.
“As instituições de justiça, que deveriam nos proteger, acabam por nos vitimizar novamente. Por isso, convoquei todos a permanecerem atentos e firmes na luta”, concluiu.
Com a participação do MAB e de diversas lideranças tradicionais, o encontro marcou um importante passo na construção de alianças entre movimentos populares e povos de matriz africana em defesa da justiça socioambiental e dos territórios ancestrais.
