MAB ocupa prefeitura de Porto Velho e realiza reunião com prefeito para criar canal de diálogo
Movimento busca comunicação com a nova gestão da prefeitura para discutir problemas relacionados às secas e enchentes nas comunidades ao longo do Rio Madeira
Publicado 27/03/2025 - Atualizado 27/03/2025

Na última quinta-feira (20), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou um ato na Prefeitura de Porto Velho (RO), reunindo cerca de 300 atingidas e atingidos de mais de 22 comunidades do entorno de Porto Velho, Médio e Baixo Madeira. Em conjunto com representantes das comunidades, o MAB foi recebido pelo prefeito recém-eleito, Léo Moraes (PODEMOS), onde apresentaram demandas emergenciais e estruturantes das comunidades atingidas pelas secas prolongadas em 2023 e 2024. Agora, em 2025, as comunidades sofrem com a enchente no Rio Madeira, que desde o último dia 19 está em cota de alerta, chegando a ultrapassar 17 metros, deixando dezenas de comunidades isoladas.

Durante a reunião, o MAB propôs a criação de um canal de comunicação direta entre a gestão atual e o Movimento, para dar encaminhamento às pautas de maneira mais efetiva. De acordo com Océlio Muniz, da coordenação do MAB, “Nós apresentamos a pauta e fizemos um histórico do ano passado -seca – e pedimos um diálogo direto com o MAB, com a criação de um grupo de trabalho para tratar os temas” explica.
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No ano de 2024, o Rio Madeira sofreu a pior seca prolongada de sua história, que atingiu, na região ribeirinha de Porto Velho, mais de 11 mil pessoas. Durante todo o período da seca, milhares de pessoas tiveram o acesso comprometido, levando muitas delas a permanecerem semanas em isolamento, insegurança hídrica, falta de alimentos, dificuldades de acesso à saúde e educação, entre outros. No dia 19 de julho, através da portaria nº 2.545/2024, o Governo Federal reconheceu a situação de emergência em Porto Velho e afirmou que garantiria acesso aos recursos para atendimento às famílias. Porém, a administração não pleiteou e nem apresentou um plano de gestão da crise, motivo pelo qual a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), juntamente com as comunidades atingidas pela seca, processam a União, estado e município e obtiveram liminar favorável que obriga os réus a apresentarem “um plano estratégico conjunto, coordenado e integrado para enfrentamento das crises hídricas e humanitárias futuras”.
Na reunião foi encaminhada a criação do canal de diálogo entre o Movimento e a prefeitura, através do Grupo de Coordenação Estratégica (GCE) e a Secretaria Geral do Governo (SGG), que irão tratar sobre as demandas específicas de cada comunidade, no intuito de verificar quais são as ações mais urgentes a serem atendidas.


Foto: Klézi Martins / MAB
“A gente saiu de lá satisfeito, porque o prefeito nos ouviu”, ressalta Mireny Alves, uma das coordenadoras do MAB, da comunidade de Nova Aliança, em Porto Velho. “Nós vamos atrás das nossas demandas, porque a gente precisa. A gente apresentou as demandas de cada comunidade, cada coordenador de cada comunidade, e a gente solicitou melhorias não só para a nossa comunidade, mas para as outras comunidades também. Então, foi muito importante essa reunião”, concluiu a coordenadora.
