Nota de Solidariedade às comunidades quilombolas do Marajó (PA)
A ação da tropa de choque resultou em prisões e feridos. As comunidades protestavam contra os aumentos das passagens, que se intensificam com a aproximação da COP30 em Belém
Publicado 21/03/2025 - Atualizado 21/03/2025

Toda solidariedade e apoio às comunidades quilombolas de Salva Terra, na Ilha do Marajó (PA), que se mobilizaram nesta última quarta-feira (19) para reivindicar justiça e dignidade.
Essa luta representa um exemplo de coragem e resistência frente a um sistema que, ao invés de beneficiar os povos da floresta, impõe preços exorbitantes sobre as passagens e mercadorias no Marajó. O objetivo da manifestação foi protestar contra esses aumentos, que se intensificam com a aproximação da COP30 em Belém.
Infelizmente, esse protesto pacífico foi brutalmente reprimido. A ação da tropa de choque, enviada pelo Governador Helder Barbalho para confrontar os manifestantes, resultou em prisões e feridos. Conforme relatos de moradores e reportagens locais, a Polícia Militar do Pará recorreu a métodos de força, incluindo o uso de bombas de efeito moral, spray de pimenta, balas de borracha e prisões para dispersar os manifestantes. Várias pessoas ficaram feridas e sofreram ameaças, além dos policiais terem invadido residências. Uma escola de ensino fundamental foi atingida por uma bomba de gás e disparos. Três lideranças foram detidas.
É inaceitável que nossos companheiros e companheiras, que apenas buscam seus direitos, sejam tratados com violência e desrespeito, especialmente os povos tradicionais que têm suas vozes silenciadas. A situação se torna ainda mais alarmante com a aproximação da COP30, que deveria ser uma oportunidade para discutir a proteção dos direitos desses povos, mas que, ao invés disso, tem trazido repressão e desconsideração por suas reivindicações legítimas.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) exige a adoção de medidas urgentes para pôr fim às violações em curso: a libertação imediata das três lideranças detidas, sem que enfrentem processos de criminalização; a cessação das ações policiais que utilizam a força contra as comunidades quilombolas e demais manifestantes; a retirada das tropas policiais adicionais que foram deslocadas para reprimir as manifestações; e a garantia do direito de todos à livre manifestação, o que um direito garantido pela Constituição.
O movimento apoia a luta das comunidades quilombolas por justiça social e igualdade. Essa batalha não é apenas deles, mas de toda a sociedade paraense. É um chamado para que todos nós, cidadãos e cidadãs, nos unamos em defesa dos direitos dos povos da Amazônia.
A luta continua!
