G20 Social | Mais de 300 atingidos e atingidas participaram de ato com Lula, Marcha dos Povos e plenárias
Resultado do G20 Social, a Declaração do Rio de Janeiro reforça o apelo de movimentos sociais por justiça global e enfrentamento das mudanças climáticas
Publicado 19/11/2024 - Atualizado 19/11/2024
O encerramento do G20 Social foi marcado pela apresentação da Declaração do Rio de Janeiro – elaborada em colaboração com movimentos sociais de todo o mundo – ao presidente Lula. A entrega do documento final durante ato que aconteceu no último dia 16, contou com a presença de integrantes do MAB de diferentes regiões do país, que estavam na capital fluminense para participar do evento. A programação do G20 Social se estendeu de 13 a 16 de novembro, com atividades autogestionadas por organizações populares. Ao todo o MAB participou de 32 atividades nos três dias.
Durante a cúpula, cerca de 300 atingidos por barragens compartilharam com o público suas experiências, conhecimentos e pautas sobre temas como mudanças climáticas, saúde coletiva e transição justa. Ao todo, 46 mil pessoas passaram pelo encontro nos últimos dias. “Ao longo deste ano, o grupo (a cúpula do G20) ganhou um terceiro pilar, o pilar social construído por vocês (movimentos sociais)”, disse Lula em seu discurso. No encontro, o presidente ainda leu a carta de reivindicações que resume as discussões feitas pelas organizações durante o evento. O texto destacou a urgência de reformar a governança global para enfrentar desafios contemporâneos, como mudanças do clima, desigualdades sociais e crises geopolíticas.
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Após a leitura, Lula enfatizou a gravidade do tema das mudanças climáticas, uma das principais pautas da cúpula.
“A questão climática a gente está vendo acontecer na nossa rua, no nosso quintal, no nosso bairro e no mundo todo. Esses dias eu vi neve na Arábia Saudita. No outro dia, eu vi o Pantanal se transformando em deserto. A gente viu a enchente no Rio Grande do Sul. A gente viu o que acontecendo em Valença, na Espanha. O clima está mudando! E se tem um responsável, ele se chama ser humano. Nós somos responsáveis pela única casa que a gente tem, que é o planeta Terra. Então, essa luta é a gente que tem que fazer no dia a dia”, ressaltou.
A vencedora do Prêmio Nobel da paz de 2011, Tawakkol Karman, também comentou os desafios levantados durante o G20 social. “As mudanças climáticas, os conflitos que estão se escalando no mundo e a pobreza crescente. Se quisermos tratar da paz global, precisamos encarar essas questões”, disse. Segundo a militante, o maior problema da Cúpula do G20 é elaborar os planos para lidar com essas questões, mas implementá-los.
Marcha dos Povos
Mais cedo, centenas de organizações e movimentos sociais caminharam até a Praia de Copacabana, durante ato que pediu fim do genocídio em Gaza. Com o tema “Palestina Livre do Rio ao Mar: Fora Imperialismo!”, a Marcha dos Povos demarcou a posição dos movimentos brasileiros na defesa do povo palestino, condenando o genocídio promovido pelo estado de Israel. Além de defender o povo palestino, o MAB também denunciou a violação dos direitos dos atingidos no Brasil, em comunidades que enfrentam uma seca histórica na Amazônia e entre as populações que até hoje lutam pela reparação da Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais.
Para Soniamara Maranho, integrante da coordenação do MAB, a Marcha dos Povos também fortaleceu a luta por soberania popular. “Hoje os países que têm maior resistência e recursos naturais estão sendo exterminados. O capital tenta cooptar, isolar ou declarar guerra contra eles. Então, eu acho que o fato das organizações brasileiras se posicionarem durante nesse eventos, às vésperas do G20 Oficial, que reúne as maiores potências do mundos, é muito importante. Nós – enquanto força popular – sempre precisamos estar do lado certo da história”, afirma.