MAB inicia ações da campanha “Salve a Amazônia” de arrecadação para compra e distribuição de água

Seca severa compromete o abastecimento de água e alimentos em grandes cidades e comunidades em toda a região amazônica

“Nem peixe no rio tem mais, os ribeirinhos não tem o que comer. Essa doação agora vai ser suficiente, mas vai ter que vir outra demanda de água, né? Enquanto não acabar a estiagem, tem que vir água com certeza”. Foram essas as palavras ditas por Jorge Braga Cavalcante, morador do Ramal do Jacu, zona rural de Porto Velho (RO), e atingido pela seca. O depoimento foi colhido durante a entrega de água realizada pela Defesa Civil da capital, após intensa articulação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), no último dia 05. Nesta semana iniciam as primeiras entregas da campanha idealizada pelo MAB e chamada de “Salve a Amazônia”. Rondônia é o primeiro local de atuação e o objetivo é conseguir arrecadar para compra e distribuição de água potável, alimentos, instalação de tecnologias de filtragem e armazenamento de água para as comunidades atingidas pela seca dos rios da Bacia Amazônica.



A Amazônia enfrenta a pior seca registrada em sua história recente, segundo o Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). O órgão afirma que as previsões para os próximos meses são piores do que as de 2023, que já havia desencadeado uma crise humanitária e ambiental de proporções significativas, impactando severamente a vida de milhões de habitantes.

A campanha “Salve a Amazônia” foi lançada no dia 05 de setembro, na data em que se comemora o Dia da Amazônia. Jorge Braga Cavalcante, 59 anos, é pescador no Rio Madeira, e comenta, assim como vários ribeirinhos, “que nunca viram, em toda a vida, uma seca como essa” no Baixo Madeira. O rio atingiu, no dia 15 de setembro, a cota de 0,58m. Com isso, milhares de ribeirinhos estão com o abastecimento e acesso à saúde e educação comprometidos.

Seca deve se agravar nos próximos meses

O Rio Negro, em Manaus (AM), também atingiu níveis historicamente baixos, expondo áreas antes submersas e impactando a vida aquática e as comunidades locais. Igualmente, o Solimões registrou níveis d’água muito abaixo do normal, afetando a navegação e a pesca na região. No Amapá, o Rio Tartarugalzinho e Araguari são significativamente impactados com a diminuição drástica do seu nível, que já afetam diversas comunidades tradicionais.

Doações:
Pix
As doações podem ser realizadas por meio do PIX ou diretamente para a conta bancária da Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), pelo PIX: 73316457/0001-83. Para mais informações clique aqui. 

Arrecadação de água em Porto Velho (RO):
Em Porto Velho, diversos órgãos como o Ministério Público do Trabalho (MPT), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Ministério Público Federal (MPF), entre outros, lançaram em parceria com o Movimento dos Atingidos por Barragens a campanha “Águas para a Vida”, para doações de água que podem ser entregues na sede do MPT, localizado na Av. Presidente Dutra, 4055 – Olaria, entre 7h30 até às 15h, durante todo o mês de setembro.

Outros tipos de doações:
Para qualquer outro tipo de doação, entrar em contato por email: [email protected]

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 20/09/2024 por Wérica Lima / Amazônia Real

Pará e Rondônia são tomados pelo fogo e pela estiagem

Populações respiram fumaça tóxica, já sentem o drama dos rios que secam e enfrentam a estiagem que está a caminho com o risco de não ter o básico para sobrevivência, água potável

| Publicado 09/09/2024 por Roberta Brandão / MAB

MAB promove audiências com governo na Amazônia para reivindicar ajuda emergencial às populações atingidas pelas seca

Em Rondônia, MAB entregou pauta dos atingidos para Governo Federal e cobrou prefeitura; no Pará, atingidos estiveram mobilizados em Belém, Santarém e Altamira por direitos

| Publicado 05/09/2024 por Camila Fróis / MAB, Fabiana Reinholz / Brasil de Fato, Jenifer Tainá / MAB

Da Amazônia ao RS, entenda porque a crise climática nos atinge

Segundo o Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o Brasil vive a pior seca da sua história recente