CRÔNICA | Três gerações da Ilha
Três histórias de atingidos da mesma família, de diferentes gerações, afetados pelo abandono do estado e pelas enchentes
Publicado 22/07/2024 - Atualizado 23/07/2024
Uma criança de apenas dois anos de idade
Na cidade de Porto Alegre
A capital do estado do capital.
Luís Otávio sorri à doação e corre ao encontro de quem chega e abraça e faz o que sua força suporta e carrega uma caixinha de leite até a porta da casa.
Luís Otávio é filho de Pâmela
Ela acorda cedo e sai seis horas da manhã e toma ônibus e sente o preconceito contra os atingidos acampados à margem da rodovia e reage e vai para o emprego e volta à tarde e ainda encontra tempo para a família e para “militar” no Movimento dos Atingidos por Barragens e por tudo que seja opressão.
Luís Otávio é neto de dona Cármen, que fica na casa da filha porque sua moradia ainda está cheia de lama e faz companhia para o menino.
Três gerações na Ilha Grande dos Marinheiros
Trabalham o dia inteiro
Iguais às centenas de outras nas ilhas “Flores” e “Pavão” e “Pintada”
Não têm dinheiro porque exploradas na sociedade da moeda que lhes nega direitos elementares
Pelo abandono histórico agravado com a tragédia das enchentes
Mas têm a seu favor a beleza das ilhas e sua riqueza farta (objeto de ganância dos enricados) e o espírito de luta e a rodovia
Pois se a mercadoria não circula o direito anda
E não param de lutar
*Padre Antônio Claret, ligado à Arquidiocese de Mariana, defende, desde o início do seu sacerdócio, os direitos da parcela mais oprimida da população. É também coordenador do MAB, em Congonhas, onde atua em comunidades atingidas pelas barragens da região a partir da metodologia das comunidades eclesiais de base.