Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) articulação popular será o legado da COP30
Movimento e outras organização sociais debateram o tema durante Seminário realizado em Belém (PA)
Publicado 16/07/2024 - Atualizado 16/07/2024
Na tarde da última sexta-feira (12), atingidos e atingidas de sete estados da Amazônia brasileira participaram do seminário “Desafios da luta popular diante da COP30 na Amazônia”, realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que aconteceu em Belém (PA). Populações do Rio Madeira, Rio Tapajós, Rio Guamá, Ria Araguaia, Rio Tocantins, Rio Teles Pires, Rio Negro, Rio Xingu e Rio Araguari participaram da atividade. “Uma confluência de rios em defesa da Amazônia”, foram as palavras proferidas durante a abertura. O evento foi aberto ao público em geral, e aconteceu no auditório da Universidade da Amazônia (UNAMA), com a presença de organizações e movimentos populares da região amazônica, com o objetivo de refletir sobre a importância da realização, pela primeira vez nesta região, da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), que será realizada em 2025 no Brasil, na capital paraense.
Possíveis saídas e medidas mitigatórias para a crise climática, a luta por uma transição energética justa e popular e a participação ativa popular no processo de construção da COP30 na Amazônia estiveram no foco dos debates realizados durante o seminário. Participaram da mesa com o tema “Análise dos desafios atuais da conjuntura enfrentados na Amazônia e as perspectivas com a COP” o representante do município de Belém, João Carlos Arroyo, da Secretaria de Gestão e Planejamento (SEGEP), Vera Paoloni, presidente da Central Única dos trabalhadores/Pará (CUT Pará), Aurélio Viana, da Tenure Facility e Elisa Estronioli, do MAB.
“Os atingidos e atingidas da Amazônia já estão em clima de COP. E é importante destacar que a COP, para nós, não é somente um evento que vai acontecer aqui na cidade de Belém, é um processo de luta e, nesse sentido, a gente se reuniu com os nossos parceiros e organizações militantes da região neste seminário para discutir qual a nossa pauta? Qual o nosso projeto que a gente quer para a Amazônia? E também para o Brasil ?”, afirmou Elisa Estronioli, integrante da coordenação do MAB.
A segunda mesa do evento debateu o tema “Análise da luta popular na Amazônia e construções unitárias das organizações rumo à COP 30”, com participação de Carlos Augusto, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Marquinho Oliveira (PT), Sara Pereira, da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), e Bruna Balbi da Terra de Direitos.
Para o antropólogo Aurélio Viana, um dos fundadores do MAB, e que participou do seminário como representante da Tenure Facility, uma organização internacional não governamental que se concentra em garantir direitos de terra e floresta para povos indígenas e comunidades locais, o fato de uma COP está sendo realizada pela primeira vez na Amazônia brasileira é relevante. Pois, o Brasil acrescenta outros debates à Confederação após a realização do encontro em três países que são produtores de petróleo. “Além de um grande produtor de petróleo, o Brasil é um país mega florestal e acende outras discussões”, explicou o antropólogo.
“Uma COP na Amazônia não é pouca coisa! É a primeira vez. Eu sei que muita gente diz: mas não se pode pensar só na Amazônia e etc, e eu digo é verdade. Agora é o seguinte, se aqui não se pensar sobre a Amazônia, outros vão pensar sobre a Amazônia, não é? Então, isso é algo estratégico. Não devemos pensar a Amazônia como uma coisa que tem a ver com o nosso quintal. Eu tô pensando na Amazônia para pensar no planeta. Com uma posição que venha a partir do que se enfrenta aqui, com essa grande contribuição”, defendeu Aurélio.