Atingidos pela UHE São Roque (SC) exigem solução para reivindicações pendentes no processo de reparação
Cerca de 150 famílias aguardam resposta de empresa Engevix, responsável pela usina, e solicitam reunião até o próximo dia 08 de março
Publicado 05/03/2024 - Atualizado 05/03/2024
Nos últimos dias 02 e 03 de março, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) promoveu reuniões com as famílias atingidas pela Usina Hidrelétrica de São Roque (SC), com o objetivo de promover um debate sobre as principais reivindicações dos moradores que estão em uma luta que dura mais de uma década.
Após o início da operação da Usina e o recente alagamento do seu reservatório, um novo grupo de famílias foi atingido pelo empreendimento se somando a mais de dois mil moradores dos municípios de Buenópolis, Vargem e São José do Cerrito que já haviam sido impactados pela obra. Muitos deles seguem aguardando ações de reparação como indenizações pendentes e o reconhecimento de familiares que ainda não foram oficialmente considerados atingidos pela empresa Engevix, responsável pela usina.
Ao todo, aproximadamente 150 famílias participaram de três reuniões nas comunidades de Glória, distrito de São José do Cerrito, Ramo Verde, distrito de Brunópolis e Nossa Senhora das Graças, distrito de Curitibanos. Durante os encontros, foram apresentadas as 10 principais reivindicações do grupo que incluem a necessidade de regularização das novas propriedades, onde parte das famílias foi reassentada, e o acesso a serviços básicos, como iluminação pública, água e energia elétrica nessas comunidades. Os moradores também destacaram a necessidade de estruturas públicas, como estradas e balsa para deslocamento a partir das novas moradias. Também discutiram questão dos lucros cessantes das famílias e agricultores impactados, que ainda não foram reconhecidos como atingidos. Além disso, exigem a recuperação do lago e do entorno.
Para lutar pela garantia dos seus direitos, os atingidos demandaram a implementação de um comitê local para dar continuidade às negociações, envolvendo órgãos públicos e a participantes das comunidades atingidas, conforme previsto na Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB).
Segundo Cristiane Macalli, integrante da coordenação do MAB em Santa Catarina, as famílias atingidas estão decididas a permanecerem unidas na defesa de seus direitos. “Não permitiremos que as pendências nas comunidades sejam esquecidas”, enfatizou.
Entenda o caso
Em abril de 2022, durante um período de fortes chuvas no estado de Santa Catrina, a empresa Nova Engevix começou a encher o lago que serviria como reservatório de água para a operação da Usina. A água subiu rapidamente e além do previsto, cortando estradas e deixando famílias “ilhadas” nos municípios de Brunópolis, Vargem e São José do Cerrito. Na época, o Ministério Público Federal estimou que 700 famílias foram atingidas pelo empreendimento, Em pouco menos de 10 dias, uma área onde antes viviam 1,3 mil pessoas foi inundada. No planejamento divulgado às famílias, o processo duraria 3 meses. O projeto também deixou 5 mil hectares de terra inundados repentinamente. Embaixo da água, milhares de araucárias, além casas, redes elétricas e animais mortos.