Mostra realizada na Universidade de Brasília, levou à capital do país histórias de mulheres atingidas de todos os cantos do Brasil
Publicado 16/11/2023 - Atualizado 22/11/2023
Ao longo de 30 dias mais de 6800 pessoas passaram pela Exposição Cultural “Atingidas Costurando Direitos”, que reúne 20 peças produzidas por mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) com a técnica de bordado chamada arpillera (juta, em tradução).
Inaugurada no dia 17 de outubro no Ceubinho da Universidade de Brasília (UnB), a mostra integrou uma agenda com diversas programações sociais e culturais, entre estas oficinas, visitas guiadas, exibições de filmes e jornadas pedagógicas. A Exposição foi realizada em paralelo a um momento de intensa mobilização do MAB que resultou, no dia 14 de novembro, na aprovação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas (PNAB) no Senado Federal.
As obras da Exposição fazem parte de um acervo com cerca de 200 peças do movimento que representam a luta e as experiências de populações atingidas das cinco regiões do país, incluindo comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, trabalhadoras da cidade e do campo. Nesse contexto, os trabalhos das mulheres ressaltam problemas como a contaminação das águas por conta do rompimento de barragens, o risco de novos empreendimentos que vão barrar rios importantes no país e os impactos da privatização da água.
“A organização das mulheres do MAB é fantástica, fenomenal, um espelho para muitos dos nossos movimentos sociais e sindicais no Brasil. É uma honra ver cada uma dessas peças, sendo expostas Brasil afora e ver essa exposição na UnB, que é minha universidade de formação, que me formou para o mundo, me traz muito alento e felicidade. Que essa exposição consiga traçar de fato uma discussão do que é democracia, do que nosso país precisa, qual é o papel das empresas estatais nesse processo, qual o papel da Educação nessa reconstrução de país”, ressaltou Fabíola Latino Antezana, membro do Conselho Nacional de Eletricitários (CNS).
A mostra é realizada por meio de uma parceria com a Caixa Econômica Federal e o Conselho Nacional do SESI. “Fiquei muito impressionada com o trabalho e em como foi colocado as situações. Nós da Caixa, pelo fomento, principalmente trabalhando com a causa das mulheres, nos identificamos muito, em relação às necessidades das mulheres, de creche, proteção, de violência, das intervenções serem feitas de forma correta. Ficamos bem impressionadas, vamos levar isso como dever de casa, para os nossos projetos, para nossa visão estratégica sobre sustentabilidade”, destacou a consultora da Caixa Econômica Federal, Elaine Alves dos Reis.
Para a consultora da Caixa, Isabela Gama, a exposição também foi marcante. “É uma história invisível para muitas pessoas, mas quando você vê como é forte a ilustração do invisível e você se coloca no lugar de quem precisou passar por isso, viver isso e que não é divulgado. Grandes obras, grandes projetos são exaltados, mas a história por trás deles não tem o mesmo peso, então foi muito marcante ver a ilustração e representação dos bastidores desses grandes projetos. A gente vem aqui para ver e volta para ver o que a gente pode fazer para melhorar ou evitar que essas histórias continuem a serem contadas, a gente quer mudar essa história”.