CASAN ameaça cobrar de famílias atingidas diária de estacionamento onde estão as carcaças dos seus veículos destruídos
Maioria das 280 famílias atingidas pelo rompimento do reservatório da Casan, na capital catarinense, ainda não foi indenizada integralmente
Publicado 12/10/2023 - Atualizado 12/10/2023
Mais de um mês após o rompimento de reservatório da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento – CASAN, nos bairros de Monte Cristo e Sapé, em Florianópolis (SC), a Companhia segue negligenciando direitos básicos da população e escala a truculência que tem adotado na relação com os moradores atingidos.
O rompimento aconteceu no último dia 06 de setembro, atingindo cerca de 700 pessoas que tiveram suas casas e veículos destruídos. Após adotar uma postura autoritária, ao impedir a entrada de famílias atingidas na unidade da Companhia, onde acontecem os atendimentos, a direção da empresa ameaça cobrar das famílias atingidas uma diária de 30,00 no estacionamento para onde foram levadas as carcaças dos veículos destruídos, caso as famílias não retirem as sucatas.
A ameaça é uma forma de intimidação da companhia que coagir os atingidos a aceitarem um acordo totalmente injusto de ressarcimento pelos veículos. No caso das famílias que perderam veículos financiados, por exemplo, a proposta da companhia é pagar uma indenização em quantia inferior ao valor investido pelas famílias. Além disso, famílias que usavam seus veículos para trabalhar seguem sem perspectivas de reaverem seu meio de transporte, porque a Companhia sugere quitar a dívida com o banco e depois transferir o saldo restante à família atingida.
Diante dessa situação, a comissão de moradores apresentou um requerimento sobre a indenização dos veículos perdidos ou danificados e protocolou diversas propostas referentes ao ressarcimento do imposto veicular, do combustível proporcional e outros itens para que se chegassem a um denominador comum no valor indenizatório. Passados mais de 20 dias do protocolo deste documento, porém, a Companhia permanece sem dar nenhuma resposta aos moradores e, em paralelo, está convocando os atingidos individualmente para reapresentar a proposta inicial que causou revolta na comunidade.
É esse o caso da Iara e do Leandro, que trabalharam arduamente para terem um carro próprio e hoje, no 37º dia em que estão sem acesso ao veículo destruído pela enxurrada do dia 06 de setembro, receberam a notícia de que, caso não aceitem a proposta injusta da CASAN e não retirem a carcaça do veículo do estacionamento da empresa, terão que pagar 30 reais por dia pelo estacionamento no seu pátio.
É lamentável a truculência, a desumanidade e o desprezo com que a gestão Edson Moritz, presidente da Casan, está lindando com as famílias atingidas neste momento de angústia.
Aproveitando que a tragédia perdeu espaço na mídia, a companhia dá indícios de que vai deixar as famílias atingidas esquecidas e forçar a judicialização das indenizações, gerando ainda mais angústia nas vítimas deste rompimento anunciado.
Vale lembrar que a maioria das 280 famílias atingidas ainda não foi indenizada integralmente e há inúmeras pendências no ressarcimento dos lucros cessantes e dos bens móveis.
Além disso, a Casan anunciou que atendeu a proposta dos moradores sobre o auxílio financeiro emergencial, porém, na surdina, voltou atrás e excluiu este direito das famílias atingidas que tiveram perdas em seus veículos e estabelecimentos comerciais, ignorando a solicitação da Comissão das Famílias Atingidas.
Frente a este cenário, não há alternativa para as famílias atingidas que não seja a organização e luta pela justa reparação. Convidamos toda a comunidade catarinense a se juntar nessa luta e se solidarizar nesse processo de reivindicação dos direitos, para que a justiça seja feita e as famílias atingidas do Monte Cristo/Sapé possam recomeçar suas vidas com o mínimo de dignidade.