Festa Camponesa em Rondônia anima mística de resistência e esperança dos povos da Amazônia

Temas como reforma agrária, demarcação de territórios indígenas e produção de alimentos saudáveis pautam debates em Jaru

Mística de abertura reafirmou caráter de resistência e anunciou o esperançar – Divulgação Via Campesina

Com o lema “Democracia e Esperançar, produzindo alimentos saudáveis e justiça social na Amazônia”, iniciou na manhã da útima sexta-feira (14) a VII Festa Camponesa da Via Campesina no município de Jaru (RO). A mística de abertura trouxe a reafirmação do compromisso dos movimentos populares do campo e da cidade em defender a sociobiodiversidade, os territórios dos povos amazonidas e promover a agreoecologia como um caminho alternativo ao modelo hegemônico do agronegócio.

Há mais de dez anos, com periodicidade bienal, os movimentos sociais da Via Campesina realizam a Festa Camponesa em Rondônia. O objetivo é anunciar para toda a sociedade que um outro modelo de produção é possível, respeitando a natureza, as relações de trabalho, oferecendo alimentos saudáveis e sem agrotóxicos para toda a classe trabalhadora.

A abertura do evento também contou com uma mesa de análise de conjuntura, na qual participaram o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Claudinei dos Santos, a procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Camilla Holanda, e o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) Ricardo Gilson.

Primeira atividade do dia contou com análise de conjuntura apresentada por representantes do MST, MPT e UNIR / Divulgação Via Campesina

O professor Ricardo Gilson tratou sobre os grandes desafios do campesinato diante do avanço voraz do agronegócio sobre áreas protegidas, territórios indígenas e tradicionais, “o qual se dá com grande violência, de forma com que o estado de Rondônia tem a maior incidência do país em assassinatos de lideranças da luta pela terra e pela floresta”.

A procuradora Camilla Holanda relatou a grande importância de que as instituições públicas se façam presentes para ouvir as demandas dos movimentos sociais para poder se somar na defesa da vida e dos direitos dos trabalhadores do campo. Ela destaca que “as narrativas desses são abafadas por grandes interesses e o Ministério Público do Trabalho deve atuar de forma a fazer ecoar as vozes dos oprimidos, por mais que as correlações de força sejam extremamente assimétricas”.

Espaço da plenária recebeu bom público na abertura da Festa Camponesa, atividades vão até domingo (16) / Divulgação Via Campesina

Até este domingo (16), ainda ocorrerão diversos momentos de construção coletiva, formação e celebração, bem como seminários temáticos, debates, oficinas, atividades culturais, feira e partilha de sementes e produção.

A organização conta com a participação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Instituto Padre Ezequiel Ramin (IPER), além de dezenas de organizações, movimentos e coletivos do território.

(*) Com informações do Coletivo de Comunicação da VII Festa Camponesa da Via Campesina

Edição: Marcelo Ferreira e Marcos Corbari


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