Durante reunião, realizada na sede da Petrobras, militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB apresentaram suas reivindicações sobre direitos das populações atingidas, custo dos combustíveis, soberania e transição energética
Publicado 28/04/2023 - Atualizado 28/04/2023
Nesta sexta-feira, 28, militantes do MAB, de várias regiões do país, participaram de uma reunião na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, para discutir parcerias focadas na garantia dos direitos das populações atingidas. Dentre os temas tratados, foram debatidas iniciativas populares de transição energética justa e a necessidade de nacionalização dos preços dos derivados do petróleo, em especial a diminuição do preço do gás de cozinha. “Apoiamos o Governo Lula e a Petrobras no compromisso de reconstrução do país e reindustrialização nacional”, afirma Gilberto Cervinski, coordenador do MAB.
Durante o encontro, os representantes do MAB explicaram que o Movimento hoje atua com um universo mais amplo de atingidos, que inclui, não só os atingidos por barragens, mas também pelas demais obras do setor energético nacional – petróleo, mineração, eletricidade – e pelas mudanças climáticas, como no caso dos moradores de regiões costeiras e ribeirinhas afetadas por inundações, rompimentos, deslizamentos e escassez severas.
“Os atingidos são afetados também por altos preços e tarifas de energia, água e gás, bem como pela precarização e insuficiência no atendimento a estes serviços”, explica Gilberto.
Nesse contexto, a diretora executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, Clarice Coppetti, reafirmou o interesse no trabalho conjunto em pautas focadas na construção de um novo modelo econômico mais democrático no país, que inclui o protagonismo dos atingidos. “A gente estar aqui hoje recebendo essa carta de vocês mostra que a Petrobras está aberta para todas as entidades que estão apoiando essa união e reconstrução do Brasil”, afirmou.
A carta de reivindicações apresentada pelo MAB na reunião apontou as principais contradições em regiões que abrigam obras do setor de energia. “No país com as maiores reservas energéticas, com a maior potencialidade instalada de produção de energia renovável e de menor custo de produção, não há direitos e reparação adequada para os atingidos pelas obras de minas e energia. Não há estrutura de Estado e de governo para cuidar das populações atingidas, tampouco uma política de reparação dos direitos dos atingidos. Não há política de proteção e segurança das populações que vivem no entorno das obras. Não há recursos públicos para aplicação na solução dos problemas. Não há, sequer, o reconhecimento adequado do conceito de atingidos e de seus direitos”, diz o documento.
Apesar da constatação, os coordenadores do MAB ressaltaram que esse um momento para construir soluções conjuntas para os principais desafios sociais e econômicos do país. “Vivemos novos tempos de esperança e reconstrução do Brasil, em que a pauta dos atingidos e atingidas e as demandas do povo brasileiro não podem mais esperar”, afirmou Ivanei Dalla Costa, integrante da coordenação nacional do MAB.
William França, diretor executivo de Refino e Gás Natural, elogiou as proposições apresentadas pelo Movimento. “A pauta de vocês é uma pauta política, excelente, que traz propostas que levam a projetos estruturantes que podem apoiar os atingidos e a reconstrução do nosso país”.