NOTA | Em defesa da vida dos povos indígenas Yanomami
É preciso agir rapidamente para garantir a vida dos povos indígenas e a proteção da floresta.
Publicado 22/01/2023 - Atualizado 23/01/2023
Na Terra Yanomami, aumentaram as xawaras [doenças] e também a quantidade de invasores. São mais de 20 mil garimpeiros rasgando todos os dias nossas comunidades para extrair ouro e ganhar dinheiro fácil. Por onde eles passam, deixam um rastro de destruição, violência, drogas, prostituição e morte.
Xamã e liderança yanomami, Davi Kopenawa.
Ao longo de todos os quatro anos de governo Bolsonaro, as populações indígenas no Brasil foram atacadas em diferentes frentes, tendo sua sobrevivência e integridade física e cultural questionadas. O aumento da mortalidade e a desnutrição entre crianças do território Yanomami, revelado nesta semana pela Sumaúma, é um retrato da guerra contra a Amazônia e seus povos travada por aquele governo e os setores da classe dominante que historicamente lucram com a destruição.
Na pandemia de Covid-19, os povos indígenas do Brasil sofreram com a falta de assistência e proteção do Estado. Bolsonaro vetou a obrigação do Governo de garantir acesso à água potável e leitos a indígenas na pandemia, e não garantiu o isolamento dessas populações, deixando todos os cuidados a cargo das próprias organizações indígenas e comunidades.
No mesmo compasso, o governo Bolsonaro entregou aos militares a Fundação Nacional do Índio (Funai), responsável pela proteção e gestão das terras indígenas brasileiras, e dificultou – quando não impediu – ações de fiscalização e controle. Diante do abandono, o garimpo ilegal, a grilagem, o roubo de madeira e até o tráfico de drogas avançaram nesses territórios, levando também doenças, a poluição dos rios e o aumento de conflitos.
Em 2022 a Hutukara Associação Yanomami lançou o relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo” , um panorama do avanço da destruição garimpeira na maior terra indígena do país.
Segundo dados extraídos do relatório, em 2021 o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. De 2016 a 2020, o garimpo na TIY cresceu nada menos que 3.350%, ressalta o estudo da Hutukara. Ainda de acordo com o documento, o número de comunidades afetadas diretamente pelo garimpo ilegal soma 273, abrangendo mais de 16.000 pessoas, ou seja, 56% da população total. Existem mais de 350 comunidades indígenas na Terra Indígena, com uma população de aproximadamente 29 mil pessoas.
Nós do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) expressamos nossa profunda consternação e solidariedade diante da situação vivida pelos Yanomami e demais povos indígenas do Brasil, que estão em luta justa pela defesa de seus territórios. Nos somamos aos que estão nesse momento cobrando que o Governo Federal cumpra rapidamente a promessa de colocar um fim ao processo de espoliação, conflito e morte que marcou a gestão anterior.
É preciso agir rapidamente para garantir a vida dos povos indígenas e a proteção da floresta, interrompendo este ciclo de destruição.
Toda nossa solidariedade aos povos indígenas!
Em defesa da vida da Amazônia e dos povos indígenas do Brasil!
*Com informações do Instituto Socioambiental e Hutukara Associação.