Movimentos sociais e sindicatos se posicionam contra a entrega do DMAE à iniciativa privada
Publicado 10/06/2022 - Atualizado 10/06/2022
Na última quinta-feira, 9, os militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens de de Porto Alegre (RS) participaram de um apitaço contra a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto da capital – DMAE. O plano de entrega da gestão de água, esgoto e drenagem para a iniciativa privada é um dos carros chefes da gestão do atual prefeito do município, Sebastião Melo (MDB). Segundo o gestor, só a iniciativa privada pode solucionar os problemas causados pelas enchentes.
Os servidores do DMAE, porém, são contrários à privatização e argumentam que a autarquia tem capacidade de desenvolver as obras necessárias, desde que tenha investimentos, autonomia para o desenvolvimento de um plano de Estado e reposição no quadro de funcionários.
De acordo com o diretor do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – Simpa, Edson Zomar de Oliveira, a empresa não tem conseguido responder a todas as demandas da cidade, porque foi sucateada nos últimos anos. “A solução não é privatizar, porque o problema não é ser uma autarquia pública. O problema é a falta de investimentos no DMAE”, afirmou.
“Nós temos o entendimento de que saneamento precisa ser um serviço público e não um processo mercantilizado, com estimativa de lucro. E, no caso da drenagem, ela não dá lucro. A prestação desse serviço vai ficar mais precarizada”, complementa Oliveira.
A luta contra a privatização do DMAE é uma das pautas do MAB em Porto Alegre porque o Movimento é contrário à mercantilização da água. Esta pauta já foi entregue para os vereadores do campo progressista do município, que estão defendendo que o departamento continue público e à serviço do povo.
Segundo Isabel Klein, militante do MAB, participar dessa luta é muito importante para que a água continue sendo acessível aos mais pobres. “Mesmo com problemas de abastecimento em algumas comunidades da Lomba do Pinheiro, sabemos que se a companhia for privatizada, aí sim não teremos mais acesso, devido ao preço que as empresas nos cobrarão”, argumenta.
Os atingidos pela Barragem do Sabão estão preocupados, porque a barragem é do DMAE. Isabel questiona: “E se o DMAE for privatizado, como é que vai ficar a barragem? Essa é a nossa pergunta, né!”
Além do DMAE, a Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan também entrou na lista das privatizações após a aprovação do Projeto de Lei 211/2021 pela Assembleia Legislativa do estado em agosto do ano passado. Para contestar essa iniciativa do governador Eduardo Leite, movimentos sociais e sindicais farão uma grande manifestação no dia 28 de junho, em Porto Alegre.
*Esta matéria contém informações do portal Sul 21.