Centenas de trabalhadores se reuniram hoje em frente ao TCU, em Brasília, e à sede de Furnas, no Rio de Janeiro, para denunciar consequências desastrosas da privatização da maior companhia de energia do país
Publicado 19/05/2022 - Atualizado 19/05/2022
Durante toda a tarde de hoje, 18, militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e de outras organizações populares permaneceram em ato de protesto, enquanto acontecia a sessão do Tribunal de Contas da União (TCU) para análise sobre a privatização da Eletrobras. No fim do dia, a corte aprovou por 7 votos a 1 a continuidade do processo de venda da estatal, o que pode resultar na entrega da maior companhia de energia do Brasil ao capital privado ainda neste ano. Militante, porém, afirmam que seguem em luta para derrotar o processo de privatização.
Participaram do ato de hoje representantes de sindicatos, do Coletivo Nacional dos Eletricitários, da Plataforma Camponesa Operária de Água e Energia – POCAE, da FUP, do MST, entre outras organizações sociais, além de muitos parlamentares.
De acordo com Fernando Fernandes, coordenador do MAB, os movimentos permanecem em luta, debatendo o plano de mobilização contra as próximas etapas da privatização.
“A proposta é construir um novo plano de ações jurídicas e de lutas sociais para tentar impedir a conclusão do processo de venda da estatal na Bolsa de Valores, porque a Eletrobras é um patrimônio do povo brasileiro e nossa soberania não está `à venda”, disse.
O dirigente ainda ressalta a denúncia da subvalorização da Eletrobras pelo governo em mais de 67 bilhões, de acordo com o ministro Vital de Rego, que pediu vistas ao processo. O pedido foi negado.
De acordo com Gilberto Cervinski, coordenador do MAB, a privatização da empresa é criminosa e trará graves consequências à população brasileira, à soberania e à economia do país.
Com a privatização, a conta de luz poderá ficar cerca de 20% mais cara, segundo a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O aumento, porém, pode ser ainda maior que esta previsão, pois atualmente a Eletrobras produz uma das energias mais baratas vendidas no país.
“Enquanto a estatal vende energia a R$ 65 por 1.000 kWh (quilowatt por hora), as companhas privatizadas cobram – em média – R$ 250 por 1.000 kWh” explica Cervinski.
Por isso, o Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF), que integrou o protesto no TCU, avalia que a privatização da Eletrobras, entre outras coisas, causará o aumento de até 25% nas conta de luz dos brasileiros.
O impacto tarifário também deve causar graves consequências para a indústria do país, já que a energia é um dos principais insumos para o setor produtivo. Por isso, o aumento de mais de 20% da conta de luz pode fechar empresas e provocar desemprego em massa, além de causar aumento de preços de produtos brasileiros em geral.
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, a privatização vai gerar um prejuízo de R$ 460 bilhões de reais ao longo de 30 anos.
Outra consequência prevista é a precarização dos serviços da companhia que é responsável pela geração de 30% da energia do país, resultando na possibilidade de apagões como os que aconteceram após as privatizações do governo FHC, colocando em risco a segurança energética brasileira.
“Cabe a nós continuar com a luta nas ruas, nas redes e na Justiça até a derrota total desse projeto entreguista e a derrota da Bolsonaro nas urnas em em outubro. Vamos usar todas as medidas possíveis para reverter esse processo e continuar denunciando a entrega dessa empresa que vai causar uma série de impactos ao povo brasileiro”, conclui Fernando.