Comunidades Pedreira e Palmital de Juara (MT) lançam campanha para visibilizar contribuição para a economia regional
Com 40 anos de existência, comunidades de agricultores familiares são ameaçadas por projeto de hidrelétrica no Rio Arinos
Publicado 04/05/2022 - Atualizado 04/05/2022
No último mês, foi lançada no Mato Grosso a Campanha “Pedreira e Palmital Produtiva: contribuindo para a economia de Juara”, que visa conscientizar a população do município (localizado no noroeste do estado) sobre a importância das comunidades rurais para a economia local.
Um diagnóstico realizado em 2019 pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), pela Associação dos Produtores de Pedreira e Palmital (ASPEPAL) e pela Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) constatou que as 52 famílias locais movimentam mais de R$ 6,4 milhões por ano. Esse valor corresponde à atividade produtiva das comunidades de Pedreira e Palmital, na zona rural de Juara, que atuam com a produção de leite, legumes, ovos e frutas.
Leandro Moraes de Oliveira nasceu na comunidade de Pedreira há 29 anos e herdou da sua família a responsabilidade de cuidar do gado leiteiro e de corte. “Eu vi essa comunidade crescer. A produção de leite era rara. Hoje já têm muitas pessoas que atuam na atividade”, afirma. Em média, as famílias de Palmital produzem e comercializam, mensalmente, 80.785 litros de leite.
De acordo com o integrante do MAB, Jefferson Nascimento, toda a população de Juara, de alguma forma, depende da atividade das famílias camponesas.
“As comunidades levam alimento para a mesa do povo juarense, geram emprego, movimentam a economia e ajudam a desenvolver esse município. Essas famílias precisam ser ouvidas. Por isso, essa campanha é para ampliar a voz dos pequenos produtores rurais – que estão ameaçados pelo projeto de uma hidrelétrica capaz de afetar drasticamente a produção rural do município”, afirma o militante.
Projeto de hidrelétrica pode expulsar comunidades rurais
Atualmente, as comunidades rurais do município estão ameaçadas pelo Projeto da Usina Hidrelétrica (UHE) Castanheira, que pode ser implementada no Rio Arinos alagando cerca de 10 mil hectares, o que incluiria as áreas de Pedreira e Palmital.
“Caso o projeto saia do papel, vai acabar com tudo, vai destruir com todos nós e com a nossa produção. A nossa casa, que a gente demorou quatro anos para construir, vai ficar embaixo da água”, denuncia Leandro.
“A gente fica com medo, assustado, se vai sair ou se não vai ter que sair. Eu tenho 48 anos e meu esposo tem 60, mas têm muitas famílias aqui com pessoas mais de idade. Como a gente se vê saindo desse local? A gente se apega com o local, com as plantas. Só de pensar, a gente fica doente e perde o sono”, complementa Fátima Istoski, moradora de Pedreira.
Conheça a campanha e toda a história de quase meio século de Pedreira e Palmital no link.