Após seis meses do rompimento de barragem da Equinox Gold, distrito de Aurizona (MA) segue sem acesso à água potável
Ruptura de barragem da mineradora Equinox Gold devastou Rio Tromaí e deixou 4 mil famílias sem água em Aurizona, distrito de Godofredo Viana (MA)
Publicado 26/09/2021 - Atualizado 26/09/2021
Seis meses após o rompimento da barragem de rejeitos de minério da mineradora canadense Equinox Gold, no distrito de Aurizona, em Godofredo Viana (MA), o fornecimento de água ainda não foi restabelecido de forma permanente nas torneiras das mais de quatro mil famílias atingidas. O crime ambiental, ocorrido em 25 de março deste ano, atingiu a Lagoa Pirocaua e o reservatório de captação de água do município, o que comprometeu o fornecimento de água potável para os moradores de todo o distrito. A mineradora está construindo uma nova estação de tratamento, porém, pretende utilizar a água será do reservatório contaminado.
A restrição ao acesso à informação é mais um crime contra os atingidos, já que até hoje não foi divulgado o laudo técnico da água feito pelo ICMBio, pela Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA). Mesmo sem os laudos, foi proibida a utilização da água do Reservatório Juiz de Fora, pois há fortes indícios de contaminação pela lama tóxica do rompimento. Ainda assim, a mineradora – que foi obrigada pela Justiça – a fornecer água para a população, segue fazendo sua captação no reservatório, oferecendo sérios riscos à saúde da população. Muitas famílias, inclusive, já relatam problemas de saúde como coceiras, irritações na pele e dores estomacais após uso da água oferecida pela empresa.
Outro impacto provocado pela Equinox é o dano às casas da população. Existem mais de quarenta casas rachadas devido às explosões de dinamites da mineradora e não há avanços por parte da Defesa Civil em relação a essa situação. Apesar da tragédia causada pela Equinox Gold, que resultou em diversos impactos sociais e ambientais às famílias que vivem na região, a mineradora continua exercendo sua exploração mineral e aumentando seus lucros. Além do medo com a contaminação da água, muitos moradores vivem apreensivos por conta do medo do deslizamento das montanhas de estéril.
A população atingida permanece organizada em luta para garantir a proteção dos seus direitos. No entanto, lideranças e atingidos vivem sob ameaças, criminalização e perseguição por parte da mineradora, o que gera uma onda de insegurança na comunidade.
Nesses seis meses de rompimento, o MAB segue denunciando as violações de direitos humanos, ressaltando a importância dos atingidos serem incluídos no programa de proteção e na luta pela garantia plena pelo direito à água potável. O acesso à água deve ser garantido de forma permanente, imediata e com qualidade para todas as famílias residentes do distrito de Aurizona.