Atingidos por Belo Monte denunciam falta d’água em reassentamento de Altamira (PA)
Segundo a prefeitura do município, a responsabilidade pelo abastecimento de água tratada nos reassentamentos é da empresa Norte Energia
Publicado 31/08/2021 - Atualizado 31/08/2021
Uma comissão de moradores do Reassentamento Laranjeiras organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) compareceu hoje, 31, na Coordenadoria de Saneamento (Cosalt) de Altamira (PA) para reclamar das constantes faltas de água no bairro. O Laranjeiras é um dos seis reassentamentos construídos pela Norte Energia onde foram realocadas famílias atingidas pela hidrelétrica de Belo Monte.
A comissão de moradores foi recebida pelo coordenador da Cosalt, Rafael Oliveira. Ele afirmou que a prefeitura ainda não recebeu o sistema de água e saneamento da Concessionária e que a questão está judicializada, pois o município não pretende assumir o sistema enquanto ele não estiver funcionando corretamente. O sistema de abastecimento de água tratada para toda a cidade de Altamira é uma condicionante da construção da Hidrelétrica Belo Monte e deveria ter sido concluído pela concessionária antes da obtenção da licença de operação.
O coordenador da Cosalt explicou que os reassentamentos foram construídos pela Norte Energia sem reservatório de água. Embora ligados à rede geral, eles ainda dependem do abastecimento por caminhões pipa, o que é feito pela empresa. A falta de água é uma queixa constante, não apenas no reassentamento Laranjeiras, mas também nos demais construídos pela empresa.
Rio barrado e torneiras secas
“Praticamente todo dia falta água, fomos tirados da beira do rio para conviver com torneiras secas”, afirma Delita, moradora da comunidade.
Já Francinete Novaes, que também é moradora da comunidade e integrante da coordenação do MAB, afirma que é imprescindível que seja construído um poço para abastecimento e feita a instalação de mais uma caixa d’água no bairro. “Vamos continuar cobrando a Norte Energia e a prefeitura até termos uma resposta”, ressalta.
De janeiro a julho, a prefeitura de Altamira já recebeu R$ 37 milhões em royalties da hidrelétrica. Já a receita operacional líquida da Norte Energia, de janeiro a junho, foi de R$ 2,33 bilhões. “Não é falta de recursos, é falta de prioridade para a população atingida”, afirma Jackson Dias, morador da comunidade e membro da coordenação do MAB.