A capoeira representa a resistência das pessoas escravizadas à bruta violência a que elas eram submetidos em tempos coloniais e imperiais no Brasil. Desde 2014, ela foi declarada patrimônio imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Publicado 03/08/2021 - Atualizado 03/08/2021
“Sinto em meu peito a força da capoeira,
essa arte brasileira,
luta de libertação!”
Abadá Capoeira
Neste dia 3 de agosto, Dia da Capoeira e do(a) Capoeirista, reverenciamos a memória dos mestres Bimba e Pastinha, fundadores dos ritmos regional e angola da Capoeira. Foram esses líderes que ajudaram a tornar a capoeira conhecida em todo o mundo como jogo, esporte, arte e cultura. Antes deles, porém, ela já existia enquanto dança, luta e mística.
“Iêêê, viva meu mestre, camará!”
A música cantada e tocada na capoeira serve para dar fundamento, estímulo e ritmo ao jogo, e, mais do que isso, conta uma história e transmite um sentimento. È também uma forte expressão de identidade para nós capoeiristas. Elas nos emocionam, nos ensinam, nos deixam felizes e com vontade de jogar. Muitas delas trazem a história dos nossos ancestrais, a memória de dor e resistência daqueles e daquelas que lutaram muito para que hoje sejamos livres.
A capoeira tem sua origem no período escravocrata brasileiro e muitas músicas retratam esse contexto violento de aprisionamento covarde de negros e negras de vários países africanos. Eles foram colocados em navios negreiros nas piores condições possíveis, onde muitos inclusive morreram no caminho. Foram separados das suas famílias, trazidos para o Brasil e escravizados para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar, nas fazendas de café e na mineração.
“Quando eu venho de Luanda eu não venho só
Quando eu venho de Luanda eu não venho só
Trago meu corpo cansado, coração amargurado
Saudade de fazer dó
Eu fui preso à traição, trazido na covardia
Que se fosse luta honesta de lá ninguém me trazia
Na pele eu trouxe a noite, na boca brilha o luar
Trago a força e a magia presente dos orixás
Eu trago ardendo nas costas o peso dessa maldade
Trago ecoando no peito o grito de liberdade
Que é grito de raça nobre, grito de raça guerreira
Que é grito da raça negra, é grito de capoeira
Quando eu venho de Luanda eu não venho só
Quando eu venho de Luanda eu não venho só”
Quando Venho de Luanda (Mestre Toni Vargas)
“Que navio é esse que chegou agora
É o navio negreiro com os escravos de Angola
Vem gente de Cambinda, Benguela e Luanda
Eles vinham acorrentados pra trabalhar nessas bandas
Aqui chegando não perderam a sua fé
Criaram o samba, a capoeira e o candomblé
Acorrentados no porão do navio
Muitos morreram de banzo e de frio
Que navio é esse que chegou agora
É o navio negreiro com os escravos de Angola”
O Navio Negreiro (Mestre Camisa)
Muitas músicas também retratam o sofrimento no dia a dia, a violência imposta pelos feitores, o trabalho forçado, a saudade da vida livre na África e também a formação dos chamados quilombos, que eram comunidades formadas por povos escravizados fugidos durante a escravidão no Brasil. Muitas dessas comunidades existem até hoje abrigando remanescentes quilombolas que resguardam uma cultura rica e ancestral.
“(…) Acordava antes do sol, ia direto pra lida
Sem água, sem pão, sem dó, aquilo não era vida
A tardinha voltava do canavial, só trazia ódio e dor
Ainda ia pro tronco sentir o chicote do feitor
Negro sentia saudade da África tão amada
Onde ele era rei, tinha vida respeitada
Caçava, corria as matas, tomava banho de rio
Cultuava os orixás, não sentia fome nem frio
Um dia negro cansou de tamanha humilhação
Fugiu correndo pro mato, sem rumo sem direção
Assim nasceu o quilombo, o começo da vitória
Construída com suor, sangue, magia e glória.”
Navio Negreiro (Abadá Capoeira)
“(…) Eu vou me embrenhar na mata
Vou atrás da minha liberdade
O feitor não vai me pegar
Hoje vai comer poeira vou encontra Palmares
Posso até não me libertar mais eu tento
Isso é pra você que só vive no lamento
Vai atrás do que você quer
Seja homem ou mulher
Você é maior do que todos pensam
Eu não posso ficar aqui
Lá pra senzala eu não quero ir
Hoje eu vou me libertar
Vou lá pra Capoeira, vou encontra Zumbi.”
Hoje vou me libertar (Professor Pretinho Rocha)
Nas músicas de capoeira, também conhecemos o contexto de assédio dos senhores de engenho contra as mulheres escravizadas. A situação delas era ainda pior. Além dos maus tratos, elas sofriam com a subjugação de seus corpos. Eram violentadas diuturnamente. Algumas delas que conseguiram fugir para os quilombos, porém, chegaram a ser líderes dessas comunidades, como a rainha Tereza de Benguela.
“Aidê era uma negra africana, tinha magia no seu cantar
Tinha os olhos esverdeados, e sabia como cozinhar
Sinhozinho ficou encantado e com Aidê ele quis se casar
Eu disse: Aidê, não se case, vá pro quilombo pra se libertar,
Aidê, foge pra camugerê
No quilombo de camugerê, liberdade Aidê encontrou
Juntou-se aos negros irmãos, descobriu um grande amor
Hoje Aidê canta sorrindo, ela fala com muito louvor
Liberdade não tem preço, o negro sabe quem te libertou,
Aidê, foge pra camugerê
Sinhozinho que disse então ‘com o quilombo eu vou acabar
Se Aidê não se casa comigo, com ninguém ela pode casar’,
Aidê, foge pra camugerê
Chegando em camugerê, Sinhozinho se surpreendeu
O negro mostrou uma arma que na senzala se desenvolveu
O negro venceu a batalha e no quilombo sinhozinho morreu,
Aidê, foge pra camugerê.”
Aidê Negra Africana – Marquinho Coreba
Essa “arma, que na senzala se desenvolveu”, a capoeira, foi muito praticada por negros e negras para se resistir à escravidão. Foi só a partir desse enfrentamento que foram se desenvolvendo as técnicas, até que ela se aproximasse do que conhecemos hoje, uma luta que exige muito treino para se alcançar destreza e agilidade corporal. Mesmo incorporando muitos elementos de culturas africanas, ela é uma luta baiana, brasileira.
As músicas também retratam esse cotidiano de luta contra feitores e senhores através da própria capoeira. Por ela ser proibida, e cada vez mais perseguida, os capoeiristas precisavam camuflar essa arma e ter “códigos” próprios para conseguirem se comunicar e fugir da repressão. É daí que vem a famosa “malandragem” cantada na capoeira. O “iê” é um código para pedir concentração, começar uma ladainha ou uma resposta à ladainha, para advertir o capoeirista fora do ritmo ou também para terminar a roda. No período em que a capoeiragem era proibida, o “iê” terminava a roda e avisava a todos que os inimigos estavam chegando. O toque de berimbau Cavalaria também era usado para esse alerta.
“No navio negreiro o negro aqui chegou
Pra trabalhar no cativeiro sua liberdade acabou
Auê auê meu pai e o negro se cansou
Auê auê meu pai de trabalhar demais
Auê auê meu pai na ânsia da liberdade nasceu a arte marcial
O negro fugiu pro mato cujo nome é capoeira,
essa luta que surgiu em terras brasileiras”
Navio Negreiro (Espetáculo Abadá Capoeira)
“Malandragem só sai daqui
Quando essa roda acabar
Se o meu mestre disser Iê
Ou se cavalaria tocar
Capoeira é antiga arte
Foi o negro inventando
Me diga quem é brasileiro
E não tem um pouco de malandro
Ê, finge que vai mas não vai
Bicho vem e eu me faço de morto
Mas se a coisa apertar
Pra Deus eu peço socorro
Entro e saio sem me machucar
Subo e desço sem escorregar
Vou louvando o criador da mandinga aiá
O malandro que inventou a ginga
(…)
Malandragem (oi malandro, é malandro)
Capoeira (oi malandro, é malandro)
Na bahia (oi malandro, é malandro)
Na ladeira (oi malandro, é malandro)
Malandragem – Mestre Capu
Zumbi é considerado um dos grandes líderes da história brasileira. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, viveu e liderou o Quilombo dos Palmares e ajudou muitos negros e negras a fugirem das senzalas. O dia de sua morte, 20 de novembro, desde 1995 é lembrado e comemorado em todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra. Sua referência de luta e a tristeza pela sua morte também são cantadas em muitas rodas de capoeira.
“Negro escravo, foi pego fugindo da senzala
Correndo nos canaviais, capturado pelo feitor
Que no tronco o amarrou
E o guerreiro valente gritava
de repente uma voz ecoava
Mataram o Rei Zumbi, assim a notícia chegou
E o guerreiro, que nunca chorava
Nesse dia ele chorou, Iê
Ô valente guerreiro e forte
Não acreditava na sorte
Não tinha medo da morte quando o fato aconteceu
Com a notícia que veio de longe
Dizendo que o Rei Zumbi morreu
E o guerreiro amarrado no tronco
A Deus pedia proteção
Olhando para cima lamentou
Ainda chorando falou
Ô mataram o Rei Zumbi a esperança de ser livre acabou”
Esperança de ser livre – Mestre Barrão
“Sou guerreiro quilombo, quilombola, lêlêlê ô
Eu sou negro dos bantus de angola, negro nagô
Fomos trazidos pro Brasil, minha família separou
Minha mana foi vendida, pra fazenda de um senhor
O meu pai morreu no tronco, no chicote do feitor
Meu irmão não tem orelha porque o feitor arrancou
Na mente trago tristeza e no corpo muita dor
Mas olha um dia, pro quilombo eu fugi
Com muita luta e muita garra me tornei um guerreiro de Zumbi
Ao passar do tempo pra fazenda eu retornei
Soltei todos os escravos e as senzalas eu queimei
A liberdade não tava escrita em papel
Nem foi dada por princesa cujo nome Isabel
A liberdade foi feita com sangue e muita dor
Muitas lutas e batalhas, foi o que nos despertou.”
Guerreiro do Quilombo – Carolina Soares
Sobre a abolição da escravatura, as letras criticam a versão da história que afirma que ela foi um feito de uma princesa e ressaltam a importância da luta dos negros, das fugas e subversões, o que inclui a própria capoeira.
É importante destacar o fato de que, mesmo após a abolição oficial da escravidão no Brasil, não veio a liberdade, mas a criminalização e marginalização da população negra, bem como suas expressões culturais através de uma lei em 1890.
Código Penal da Republica dos Estados Unidos Do Brasil
Decreto número 847 de 11 de outubro de 1890
Capítulo XIII
“Dos vadios e capoeiras
Artigo 402 – Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecido pela denominação “Capoeiragem”: Andar em correrias com armas e instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordem, ameaçando pessoa certa ou incerta ou incutindo temor de algum mal. Pena: de prisão celular de 2 à 6 meses.
Parágrafo único – É considerável circunstância agravante pertencer o capoeira a algum bando ou maúrea. Aos chefes ou cabeças se imporá pena em dobro.”
Iêê
Dona Isabel que história é essa?
Dona Isabel que história é essa
Oi ai ai!
De ter feito abolição?
De ser princesa boazinha que libertou a escravidão
To cansado de conversa, to cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava este país
Que o negro transformou em luta
Cansado de ser infeliz
Abolição se fez bem antes
E ainda há por se fazer agora
Com a verdade da favela
E não com a mentira da escola
Dona Isabel chegou a hora
De se acabar com essa maldade
De se ensinar aos nossos filhos
O quanto custa a liberdade
Viva Zumbi nosso rei negro
Que fez-se herói lá em Palmares
Viva a cultura desse povo
A liberdade verdadeira
Que já corria nos Quilombos
E já jogava capoeira.
Iê! viva Zumbi
(Iêê Viva Zumbi, Camará)
Iê! Rei de Palmares
(Iêê Rei de Palmares, Camará)
Iê! Libertador
(Iêê Libertador, Camará)
Iê! Viva Meu Mestre
(Iêê Viva Meu Mestre, Camará)
Iê! Quem me ensinou
(Iêê Quem me ensinou, camará)
Iê! A Capoeira
(Iêê a Capoeira, Camará)
Dona Isabel – Mestre Toni Vargas
Nesse contexto, após a abolição e criminalização do povo negro, temos a história de Manoel Henrique Pereira (Santo Amaro, Bahia 1897 – 1924), o lendário Besouro Mangangá. Seu apelido de capoeira foi adquirido pela sua destreza e fazia alusão à uma espécie venenosa de picada muito dolorida.
Ele lutou contra as injustiças impostas ao seu povo. Seu primo e discípulo Mestre Cobrinha Verde conta que Besouro foi trabalhar em uma usina onde, no dia do pagamento, o chefe sempre dizia “quebrou pra São Caetano”, expressão para dizer que não haveria pagamento. A mesma frase foi dita para Besouro. Este pegou o patrão pelo cavanhaque obrigando-o a pagá-lo. A fama de Besouro só crescia. Ele era destemido e encarava quem quer que fosse.
Dizia-se que Besouro tinha o corpo fechado e que sobrevivia até a ferimentos de bala da polícia. Só morreu por uma faca de ticum, árvore que possui poderes mágicos e que era a única capaz de feri-lo. Foi armada uma emboscada em que seu chefe o transferiu para outra fazenda com uma carta ao dono em que havia sua sentença de morte. Besouro não sabia ler. Achava que se tratava de uma recomendação. No dia seguinte, 40 homens armados o enfrentaram, mas apenas um sabia como matá-lo. Portanto, não foram as balas, mas a facada de ticum nas costas que derrubou nosso Cordão de Ouro.
“Quebrou pra São Caetano um caso que sucedeu
Besouro de Mangangá que trabalhou e não recebeu
Não queria estar não, na pele do patrão
Nem ver o que o besouro faz, com a cabeça os pés e as mãos
Cordão de Ouro é Besouro Mangangá
Na fazenda Maracangalha teve um dia de azar
Teve a morte encomendada por um tal de Baltazar
Por uma desavença na usina que trabalhou
Doutor Zeca mandou a carta pra que se matasse o portador.
Cordão de Ouro é Besouro Mangangá – Mestre Mão Branca
Em Santo Amaro
Quando o fato aconteceu
Menino chegou dizendo
Que seu Besouro morreu
Pois seu patrão
Cujo o nome Baltazar
Deu uma carta Besouro
Para entrega na usina
Pedindo pra lhe matar.
E Besouro que não sabia ler
Não sabia que na carta
Pedia para morrer
Lá na Bahia
Terra de São Salvador
Besouro era valente
Tinha o corpo fechado
Mas a traição o matou
Adeus Besouro (3x)
Valente Cordão de Ouro
Adeus Besouro – Mestre Barrão
Essas e outras histórias cantadas nas rodas de capoeira nos ensinam sobre a resistência dos que nos antecederam, nos fazendo ter orgulho das nossas raízes, da nossa cor e da nossa cultura.
“Às vezes me chamam de negro
Pensando que vão me humilhar
Mas o que eles não sabem é que só me fazem lembrar
Que eu venho daquela raça, que lutou pra se libertar
Que criou o Maculêlê
E acredita no camdomblé
E que tem um sorriso no rosto
A ginga no corpo e o samba no pé.
Que fez surgir de uma dança
Luta que pode matar
Capoeira arma poderosa
Luta de libertação
Brancos e negros na roda, se abraçam como irmãos.
Perguntei ao camarada, o que é meu?
É meu irmão.
Ô, meu irmão do coração
É meu irmão. ”
Às vezes me chamam de negro – Carolina Soares
Aue aue aue-e lele lelele lelelo
Aue aue aue-e lele lelele lelelo
Ta no sangue e na raça Brasileira,
Capoeira, é da nossa cor
O berimbau, é da nossa cor
O pandeiro, é da nossa cor
O atabaque, é da nossa cor
O reco-reco, é da nossa cor
O agogô, é da nossa cor
Ta no sangue e na raça Brasileira,
Capoeira, é da nossa cor
O Mestre Bimba, é da nossa cor
O Mestre Pastinha, é da nossa cor
É da Nossa Cor (Mestre Matias)
Ouça as músicas!
Convidamos a todas e todos para ouvirem essas músicas e mergulhar nessa cultura. Só assim compreenderão a força, o sentimento e a arte dessa luta legitimamente brasileira e revolucionária.
No Navio Negro (Abadá Capoeira) – https://www.youtube.com/watch?v=lQpgigjL8f0&t=66s
Quando venho de Luanda (Mestre Toni Vargas) – https://www.youtube.com/watch?v=1a-4iyypF3o
O Navio Negreiro (Mestre Camisa) – https://www.youtube.com/watch?v=TiKQcGMEo8Y
Navio Negreiro (Espetáculo Abadá Capoeira) – https://www.youtube.com/watch?v=mBCXdjQqwD8
Malandragem (Mestre Capu) – https://www.youtube.com/watch?v=ER4DlP2A_aE
Hoje vou me libertar (Professor Pretinho Rocha) – https://www.youtube.com/watch?v=Gkla1I38QiE
Aidê Negra Africana (Marquinho Coreba) – https://www.youtube.com/watch?v=JqY-nDQbEQk
Esperança de ser livre (Mestre Barrão) – https://www.youtube.com/watch?v=_K-1c947tjw
Guerreiro do Quilombo (Carolina Soares) – https://www.youtube.com/watch?v=6Mt3cZQ71vU
Dona Isabel (Mestre Toni Vargas) – https://www.youtube.com/watch?v=-6TeZY9UVOc
Cordão de Ouro é Besouro Mangangá (Mestre Mão Branca) – https://www.youtube.com/watch?v=sArtHw7XXY4
Adeus Besouro (Mestre Barrão) – https://www.youtube.com/watch?v=yqL55g5MO3k
Às vezes me chamam de negro (Carolina Soares) – https://www.youtube.com/watch?v=EOeeLKbiknk
É da Nossa Cor (Mestre Matias) – https://www.youtube.com/watch?v=Gm0pkyFuInE
Referências:
Apostila de Aluno Formado do Grupo de Capoeira Corpo em Movimento – Mestre Clayton – Formado Layram Souza.
Artigo “Besouro a Lenda da Capoeira” disponível em https://www.geledes.org.br/besouro-lenda-da-capoeira/.