Durante encontro na Câmara dos Vereadores, moradores do Bairro Lomba do Pinheiro pediram celeridade em questões como regularização fundiária para os atingidos, limpeza do entorno da barragem e um Plano de Ações Emergenciais para o caso de rompimento
Publicado 19/07/2021 - Atualizado 19/07/2021
Os atingidos pela barragem Lomba do Sabão participaram de audiência pública na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, realizada na manhã de quinta-feira (15). A reunião teve como pauta central a situação da barragem e dos moradores do seu entorno, no bairro Lomba do Pinheiro, que fica na divisa entre os municípios de Porto Alegre e Viamão. A audiência foi encaminhada após visita da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) à barragem e reunião com a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab).
Segundo Fernando Fernandes, da Coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), os moradores da Vila Herdeiros e entorno são diretamente atingidos pelos problemas decorrentes da falta de manutenção e limpeza da barragem, enchentes frequentes, falta de regularização fundiária e risco de acidente, em caso de rompimento da represa. Sobre este ponto, o coordenador alertou sobre o estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que aponta o risco real de rompimento da estrutura da barragem, acarretando grandes danos humanos, econômicos e ambientais para a região.
Fernandes recordou a enchente ocorrida em 2013, quando várias famílias foram removidas do entorno e passaram a viver com aluguel social desde então. Ele afirma, porém, que a solução é paliativa e não resolve a situação. Por isso, os atingidos defendem a necessidade de regularização fundiária para garantir a permanência das famílias em suas residências, com condições dignas de moradia, assim como o cumprimento da Lei Federal nº 12334, que trata do plano de manutenção e segurança da barragem. Além disso, ele afirma que é fundamental a garantia do direito a participação dos atingidos e da comunidade nas decisões que lhe dizem respeito.
Para Debora Lemos, moradora da Vila Herdeiros e atingida, é necessária a adoção de medidas urgentes diante da situação de insegurança das famílias que se agrava com o período de chuvas, que provoca a intensificação das enchentes e do mau cheiro oriundo da barragem, além da proliferação de animais peçonhentos devido à falta de limpeza e manutenção.
Durante a audiência, o presidente da Cosmam, vereador Jessé Sangalli (Cidadania), afirmou conhecer os relatos dos moradores sobre a situação da barragem e entorno e a insegurança vivida pela população atingida. Ele declarou que tanto o município de Porto Alegre, quanto de Viamão, firmaram compromissos para solucionar os problemas relatados, mas apontou questões burocráticas como uma dificuldade para para a implementação das soluções previstas.
Nesse sentido, Alexandre Garcia, diretor-geral do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) de Porto Alegre, apontou a existência de um plano de ação para a reparação dos danos causados pela barragem, mas disse que este não foi colocado em prática devido à falta de licenciamento ambiental por parte da Smamus e de liberação pelo Ministério Público. Já Nelson Beron, diretor do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), sinalizou a constituição de um grupo de trabalho com a participação dos moradores para o acompanhamento das ações do poder público.
Os atingidos ressaltaram que a pauta de reivindicações está sendo cobrada junto ao poder público municipal há sete meses e que até hoje não foi apresentada nenhuma posição concreta. O Movimento dos Atingidos por Barragens e os moradores do entorno da barragem afirmam que seguirão cobrando pelo atendimento da pauta e tratamento digno com a população.