Famílias atingidas na comunidade vivem risco cotidiano do rompimento da barragem de Doutor; apesar da relutância da Vale em atender a pauta, mais 30 famílias conquistam remanejamento
Publicado 15/02/2021 - Atualizado 19/02/2021
Em 2020 a comunidade de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto em Minas Gerais, passou por grandes mudanças no seu modo de vida, não apenas por conta da pandemia da COVID-19, mas do risco anunciado do rompimento da barragem de Doutor da mina Timbopepa, que pertence a mineradora Vale.
A barragem foi incluída no nível 2 de emergência, em abril de 2020, desde então 73 famílias sofreram uma evacuação forçada, as que residiam dentro da Zona de Autossalvamento (ZAS), num raio de 10 km de distância da barragem.
Em agosto, a Vale apresentou uma nova mancha de inundação, aumentou o número de famílias dentro da área de risco, porém algumas famílias que já tinham sido cadastradas, não estavam mais enquadradas na nova mancha.
A população de Antônio Pereira vive num cenário constante medo do rompimento da barragem. O medo é ainda maior para as pessoas que moram próximas à barragem e por aquelas que foram visitadas e cadastradas pela empresa e pela Defesa Civil.
Por isso, os atingidos e atingidos se organizaram em torno da pauta de remoção das famílias que desejam sair da área de risco. Além de outras pautas relacionadas aos danos referentes as obras de esvaziamento da barragem de Doutor, que vão durar oito anos: a perturbação, a poeira e o risco que o intenso tráfego de veículos trouxe à comunidade, a piora na saúde mental da população entre outras.
A Vale apresentou relutância em cumprir as exigências dos atingidos, que se organizaram e manifestaram fechando a estrada de acesso da mineradora várias vezes no ano passado e neste mês de janeiro. Em dezembro, o Ministério Público Estadual (MPMG) protocolou na Ação Civil Pública um documento em favor das remoções, em que constava o parecer da consultoria SLR, contratada pelo órgão para averiguar o risco da barragem.
Este ano, no mês de fevereiro, a Vale acatou às reivindicações dos atingidos e mais 30 famílias conquistaram o direito de sair da área de risco. Ainda há diversas famílias que devem ser removidas, ao todo cerca de 473 pessoas já tiveram que deixar suas casas. Os atingidos permanecem na luta pelo direto á moradia digna e a reparação integral dos danos causados pela mineradora Vale na comunidade.