Para cobrar solução de enchentes na Zona Leste, atingidos realizam ato em SP
Situação antiga na capital paulista segue sem solução, enquanto população sofre com ruas e casas alagadas em bairros da periferia
Publicado 28/01/2021
Nesta manhã de quinta-feira (28), o MAB realizou um ato em defesa dos direitos dos atingidos pelas enchentes na zona leste da cidade de São Paulo.
O evento intitulado “Atingidos em defesa da Vida” teve a concentração no Grêmio de Vila Nova (Jardim Nair) e seguiu em marcha até a subprefeitura de São Miguel Paulista. Representantes do MAB foram recebidos pelo coordenador geral da subprefeitura, Juarez Munhoz Picerni, junto a sua equipe, onde foi apresentada a pauta de reivindicações das famílias atingidas.
Há anos que a população paulista, em especial da periferia da zona leste, sofre com os efeitos das enchentes. A cada ocorrência, os atingidos têm suas casas e ruas alagadas, perdendo móveis, colchões, alimentos, documentos, carros, entre outros pertences.
Além disso, as casas ficam totalmente alagadas e as ruas intransitáveis com água contaminada devido à falta de saneamento, o que representa um fator de risco à saúde da população. Além disso, a crise sanitária da Covid-19 e a crise econômica têm dificultado ainda mais a vida da população no local.
A região fica na várzea do rio Tietê, e em épocas de chuvas a situação se agrava, sobretudo quando as comportas da barragem da Penha, localizada rio abaixo, são fechadas para a água não alcançar áreas centrais, promovendo o alagamento dos bairros da periferia.
Segundo Márcia Silva Araújo, moradora do jardim Lapena, o cenário é crítico. “As pessoas perdem tudo, mas principalmente seus alimentos, as pessoas não conseguem nem comer”.
A coordenadora do MAB na zona leste, Tamires Cruz, comenta que essa situação já é bem conhecida pela prefeitura e governo do estado, que fazem “vista grossa”. “Levamos as pautas, foram protocoladas, e foi um momento de fazer pressão sobre as autoridades para resolver todas nossas demandas e acabar com as enchentes”, avalia Tamires.
Euclides Moura, também coordenador do MAB na região, acrescenta: “este ato foi importante pois significou unidade de vários bairros da região por uma mesma causa, que é a de defender os direitos dos atingidos pelas enchentes, foi a primeira vez que isso ocorreu”.
Em julho de 2020, o MAB encaminhou ofícios, apenas sendo recebido pelo gabinete da prefeitura para ouvir as demandas dos atingidos, que prometeu algumas resoluções, mas não cumpriu com nenhuma.
Os pontos da pauta apresentada pelos atingidos da zona leste foram:
- cadastro socioeconômico e ambiental de todas as famílias que vêm sofrendo de forma recorrente com as enchentes;
- reassentamento das famílias atingidas;
- limpeza e desassoreamento de todos os córregos e rios na região;
- ações de educação e preservação ambiental com as famílias atingidas;
- garantia de saneamento básico e público;
- indenização das famílias atingidas para compensar todas as perdas que obtiveram nos últimos anos devido às enchentes;
- regularização fundiária;
- plano de segurança e contingência;
- doações de cestas de alimentos, produto de higiene e limpeza;
- acesso e inclusão automática das famílias de baixa renda na TSEE (Tarifa Social de Energia Elétrica).
O posicionamento da subprefeitura foi de protocolar a pauta e buscar melhorar os serviços a esses bairros, assim como realizar visitas aos lugares para identificar os problemas. Também se prontificou em dialogar com outros órgãos governamentais para intervir nos bairros, especialmente nos locais em que as pessoas precisam ser reassentadas. Além disso, ficou marcada uma reunião no dia 22 de fevereiro para aprofundar cada um dos pontos.
Para o MAB, o ato e a reunião mostraram um avanço para o diálogo, mas poucas soluções concretas para o povo que, há muito tempo, já sofre com as enchentes. Nesse sentido, sabemos que só com luta e organização vamos conquistar nossos direitos, garantir uma vida digna aos atingidos e dar fim às enchentes na cidade de São Paulo.