A recorrência dos crimes socioambientais da Vale
Foto: Divulgação Secom O navio graneleiro MV Stellar Banner da mineradora Vale, que saia do Porto de Itaqui, em São Luis no Maranhão, carregando 294,8 mil toneladas de minério de […]
Publicado 29/02/2020
Foto: Divulgação Secom
O navio graneleiro MV Stellar Banner da mineradora Vale, que saia do Porto de Itaqui, em São Luis no Maranhão, carregando 294,8 mil toneladas de minério de ferro e 3.640 toneladas de óleo destilado, está encalhado a cerca de 100 quilômetros da costa desde a última segunda-feira (24). A embarcação da empresa sul-coreana Polaris Shipping, foi contratada pela Vale para transportar minério até a China.
Em menos de cinco anos, esse é mais um caso de crime ambiental da empresa. Se confirmado o vazamento do material do navio no mar, o impacto na fauna e na flora do litoral se juntaria aos números desastrosos dos crimes da Vale em Mariana e na bacia do rio Doce, 2015, e em Brumadinho e na bacia do rio Paraopeba, 2019.
Diante de mais um crime socioambiental, a Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (ANAB), a Rede Viva Mar e a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), entraram com uma ação para antecipação de provas sobre a embarcação, que pede acesso a todas as informações que a empresa tem sobre o navio.
A ação exige os dados do barco, da carga, os relatórios que envolvem o navio, as fotos da situação, os relatórios de emergência, e a cópia dos contratos entre a mineradora Vale e a empresa sul-coreana Polaris Shipping, para verificar todas as situações do navio. Essa ação tem o objetivo de unir provas que mais tarde podem fundamentar outra ação, que responsabiliza a mineradora Vale caso ocorra outro desastre ambiental, como o vazamento de óleo e minério de ferro no mar.
O Movimento dos Atingidos por Barragens alerta para mais um crime ambiental de responsabilidade da Vale, que há anos vem destruindo o meio ambiente e a vida de milhares de pessoas. O naufrágio do navio só mostra a recorrência com que a Vale comete crimes, e nos relembra o descaso, a falta de transparência e desonestidade de informação que ela trata as tragédias.
Até hoje, os atingidos pelos crimes da Vale ao longo das bacias dos rios Doce e Paraopeba estão sem reparação, indenização e se quer reconhecimento dos direitos. Seguimos em alerta e denúncia de que a empresa age sempre em prol do lucro e do dinheiro, exigindo justiça às populações atingidas. O descaso com a vida social e ambiental não podem mais sair impunes.