“Queremos a responsabilização da Vale na piora das enchentes com o assoreamento dos rios Doce e Paraopeba”, afirmam atingidos

  Nesta quinta-feira (30), o Movimento dos Atingidos por Barragens realizou uma coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para cobrar das instituições públicas uma resposta com […]

 

Nesta quinta-feira (30), o Movimento dos Atingidos por Barragens realizou uma coletiva de imprensa na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para cobrar das instituições públicas uma resposta com relação às enchentes que afetam dezenas de municípios no estado. O problema foi agravado por consequência dos crimes da Vale – que assorearam os rios Doce e Paraopeba, com rejeitos de minério depositados após os rompimentos das barragens de Fundão (2015) e Córrego do Feijão (2019).

“Com o assoreamento do rio, a lama, por meio das enchentes, se espalha por locais onde antes não passava. Os atingidos vivem um processo de envenenamento crônico, há estudos que comprovam que a poeira domiciliar está contaminada com metais altamente tóxicos”, afirma José Geraldo Martins, militante do MAB. Além do contato direto com a lama durante o período chuvoso, a população permanece em risco porque, quando a lama seca, se transforma em poeira carregando partículas de componentes como: cádmio, alumínio, chumbo, ferro, manganês e níquel, que, com o vento, saem da região afetada. Os estudos citados por Martins foram produzidos por Lactec, Ambios e parceria com a UFOP, Universidade Federal de Ouro Preto. 

Atingida pelo crime da Vale na cidade de Juatuba, região metropolitana de Belo Horizonte, Joelísia Feitosa relata que, com o início das inundações, o MAB protocolou um documento junto à força tarefa do Ministério Público na última sexta-feira (24). De acordo com a atingida, a Vale não manifestou qualquer tipo de apoio perante à situação. “Muita gente perdeu suas casas e, agora, está sem qualquer tipo de orientação com relação aos cuidados com à saúde. Os animais estão morrendo bebendo a água contaminada”, comenta Joelísia. 

De acordo com os atingidos, há ainda a preocupação com a chegada dos rejeitos na bacia do rio São Francisco, com a abertura das comportas da barragem de Retiro Baixo até a Usina de Três Marias. Guilherme Camponez, também militante do MAB, trouxe um alerta sobre as barragens hidrelétricas que, com as enchentes, estão abrindo as comportas: Aimorés, Candonga e Baguari, em Minas Gerais. “Queremos o apoio das instituições de justiça para que sejam responsabilizados os responsáveis pela piorar das enchentes, e no nosso entendimento é a Vale”, diz Camponez. 

Na avaliação do movimento, a mineradora deve orientar a população sobre os riscos à saúde e ser a responsável pela reparação integral dos danos causados nas regiões afetadas pelas enchentes, que agora tem a lama tóxica como agravante. Além disso, o MAB reforça a denúncia de que, até hoje, a empresa não contratou as assessorias técnicas – direito garantido judicialmente pelas populações e que irá auxiliar os atingidos a obterem informações técnicas seguras que serviram de subsídio nas reivindicações dos direitos após os crimes em Mariana e Brumadinho. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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