Em Mariana (MG), primeiro dia de Encontro dos Atingidos denuncia enrolação da Vale nos territórios
Foto: Coletivo de Comunicação MAB Como parte da Jornada de Lutas A Vale destrói, o povo constrói, começou neste domingo (3) o Encontro dos Atingidos na cidade de Mariana, Minas […]
Publicado 03/11/2019
Foto: Coletivo de Comunicação MAB
Como parte da Jornada de Lutas A Vale destrói, o povo constrói, começou neste domingo (3) o Encontro dos Atingidos na cidade de Mariana, Minas Gerais. O evento tem a participação de diferentes comunidades das bacias do Rio Doce e Paraopeba e debate a situação da população afetada pelos crimes no estado.
Na próxima terça-feira (5), o rompimento da barragem de Fundão completa quatro anos. Para marcar a data, a atividade, que vai durar três dias, promove a denúncia de não reparação da Vale, Samarco e BHP Biliton e orienta a luta no próximo período.
No início da plenária, Camila Brito, da coordenação do MAB, organizou um dinâmica de grupo, onde os atingidos expuseram palavras-chave, em uma espécie de radiografia do Brasil atual, para o entendimento do cenário político. Piora na saúde, violência contra a mulher, destruição do meio ambiente, intimidação e ameaças, retirada de direitos: foram alguns dos pontos levantados pelos atingidos.
Fundação Renova no Rio Doce
Das cerca de 54 mil solicitações de cadastro para reparação na bacia do rio Doce, apenas 48% dos pedidos foram reconhecidos, de acordo com dados apresentados por Guilherme Camponez, militante do MAB.
Camponez alerta para a cooptação dos atingidos por meio da resolução de pequenos projetos locais e destaca: só a Fundação Renova, que foi criada para reparar o crime, gasta 2 bilhões de orçamento anual. São mais de 500 funcionários diretos por toda a bacia. Com esse exército não dá para fazer a reparação? , diz o militante do MAB.
Foto: Coletivo de Comunicação MAB
A promessa de reconstrução da comunidade de Bento Rodrigues continua, agora o prazo é final de 2020. Não tenho confiança nenhuma na Renova. Não há nenhuma casa construída em reassentamentos coletivos. Construíram e reformaram poucas casas e foi por cima da lama tóxica opina Guilherme Camponez.
Em Brumadinho, mesma situação
As situações são muito parecidas nas duas bacias. Colocam a empresa no território para tirar direitos. Matam rio e matam gente e acham que isso é normal, afirma uma atingida de Brumadinho, que preferiu não se identificar.
Foto: Coletivo de Comunicação MAB
Ana Galeb, militante do MAB, destacou a importância da assessoria técnica na região para que seja realizado um processo de reparação justo e integral. E trouxe um panorama sobre a atuação da esfera jurídica para que a empresa cumpra seu papel.
Estamos preocupados com este período de chuvas em Brumadinho, a água com lama está voltando a invadir as casas das famílias na região central da cidade, diz Miqueias Ribeiro, da coordenação do MAB.