Nota de repúdio ao assassinato de Paulinho Guajajara no Maranhão
Um sistema que incentiva as disputas da terras, a expropriação da madeira por ganância, faz mais 2 vítimas. Foto: Midia Índia O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem […]
Publicado 02/11/2019
Um sistema que incentiva as disputas da terras, a expropriação da madeira por ganância, faz mais 2 vítimas.
Foto: Midia Índia
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem a público repudiar a ação criminosa ocorrida ontem (1º de novembro) que resultou no assassinato da liderança indígena, Paulino Guajajara, do território Araribóia, situado no munícipio Bom Jesus das Selvas, próximo a Açailândia, no estado do Maranhão e na morte de um madeireiro. Para nós, esta é mais uma ação criminosa e de profundo desrespeito para com os povos indígenas de nosso país, que lutam, de forma secular, pelo direito à vida, na defesa dos seus territórios e da Amazônia.
Paulino Guajajara é mais um que tomba defendendo seu povo e o direito de conviver com a floresta. Ele era conhecido na região como guardião das florestas, pois integrava um grupo criado de forma autônoma por mais de 180 indígenas preocupados em defender o povo indígena, as florestas e terras maranhenses das crescentes ameaças de invasões de grileiros e madeireiros da região. Desde 2012 este grupo realizava vigilância e defesa de toda a região amazônica do centro-oeste maranhense.
Na última noite do dia 1º de novembro, Paulino e outros indígenas foram surpreendidos com uma emboscada feita por madeireiros, que resultou num grave conflito, com ataques e disparos contra os indígenas, ocasionando na morte de Paulino Guajajara e na possível morte de um dos madeireiros.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) lamenta as mortes ocorridas e solidariza-se com a perda de Paulino Guajajara, lutador dos povos indígenas que teve a sua vida ceifada por lutar na defesa do seu território e da Amazônia.
O assassinato de Paulino Guajajara é reflexo do momento de crise econômica, social e política em que vivemos no Brasil e no mundo, onde a Amazônia é espaço de disputas para a dominação e o controle das riquezas naturais, instalando grandes projetos de mineração, barragens, agronegócio, mercado de carbono, buscando privatizar tudo: desde as florestas, água, terras, violando cada vez mais a vida dos povos originários, tradicionais, ribeirinhos, quilombolas, indígenas, presentes nos estados que integram a Amazônia Brasileira.
O confronto violento ocasionando mortes é também reflexo do comportamento de muitas autoridades brasileiras que incentivam o ódio e a violência.
Exigimos que órgãos competentes ajam com justiça, investigando o ocorrido e punindo os responsáveis, e convocamos urgentemente toda a sociedade brasileira a se manifestar de forma solidária na defesa dos povos que lutam e a marchar juntamente com os movimentos sociais, populares e ambientalistas na defesa da nossa casa comum, e em especial dos povos da Amazônia, como uma prática social e humana.
Paulino Guajajara, presente, presente, presente!
Amazônia em Risco: Somos todos Atingidos!
Coordenação Nacional do MAB