Atingidos por barragens participam do Sínodo da Amazônia

Integrantes do MAB estão em Roma acompanhando as atividades do Sínodo É com fé e esperança que o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participa do Sínodo da Amazônia. Convocado […]

Integrantes do MAB estão em Roma acompanhando as atividades do Sínodo

É com fé e esperança que o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participa do Sínodo da Amazônia. Convocado no final de 2017, a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos com o tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral” acontece entre os dias 6 e 27 de outubro no Vaticano e discute os rumos da Igreja na região.

Os atingidos por barragens estiveram presentes no processo de escuta e construção do Sínodo nos estados de Rondônia, Pará, Matogrosso, Tocantins e Amapá e participam agora das discussões no Vaticano, denunciando as violações de direitos causadas pelos grandes projetos de barragens, como as hidrelétricas Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, e os crimes da mineração, como o de Barcarena.  Denunciam também a crescente criminalização e violência contra defensoras de direitos humanos e da floresta, como Nicinha e Dilma, integrantes do Movimento assassinadas nesse contexto.

Judite da Rocha, da coordenação do MAB no estado do Tocantins, é uma das auditoras do Sínodo. Na segunda-feira (07/10), Judite presenteou o Papa Francisco com uma arpillera feita pelas mulheres atingidas por barragens. A peça representa a luta dos indígenas e ribeirinhos contra os projetos de hidrelétricas previstos para o Rio Tapajós, no Pará, uma das regiões mais preservadas da Amazônia e que está na mira de grandes projetos de exploração.

Caminhada dos povos da Amazônia com o Papa Francisco intitulada “Avançar para águas mais profundas” (Foto: CIMI)

O Papa também recebeu produtos como mel, chocolate e castanhas da região do Xingu (PA). Os alimentos, produzidos de forma orgânica, foram entregues por Dorismeire Vasconcelos, da Prelazia do Xingu, que participa do Sínodo da Amazônia como auditora. As castanhas são das reservas extrativistas do Xingu, já o chocolate e o mel foram produzidos pela família da Francisca Josélia de Sousa Amorim, coordenadora de base do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na região da Transamazônica.

O MAB também tem participado das atividades externas do Sínodo. Edizângela Barros, atingida pela barragem de Belo Monte, e Iury Paulino, da coordenação nacional do Movimento, estão em Roma para dialogar sobre as vivências dos atingidos por barragens nos temas das hidrelétricas, mineração, energia, direitos humanos, entre outros.

Judite Rocha, coordenadora do MAB no estado do Tocantins, e Dom Roque Paloschi, acerbispo de Porto Velho e presidente do CIMI, entregam ao papa materiais do MAB (Foto: Divulgação)

Defesa da Amazônia e dos seus povos

Desde o início do pontificado, o Papa Francisco defende a preservação da natureza e o maior cuidado com o planeta Terra, nossa Casa Comum. No último domingo (6), durante a abertura do Sínodo, o Papa criticou os interesses do que chamou de “novos colonialismos” e condenou os incêndios que atingiram grande parte da Amazônia. “O fogo, aplicado pelos interesses que destroem, como o que recentemente devastou a Amazônia, não é o do Evangelho”.

Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a história da Amazônia tem sido a história de sucessivas ondas de exploração. O objetivo do capital, dos velhos e novos colonizadores, não é conviver e desenvolver a região. Por isso, não hesitam em saquear as riquezas e praticar o genocídio humano, histórico e cultural de seus habitantes.

As populações atingidas são as maiores vítimas dessas práticas exploratórias que devastam o meio ambiente e das ações criminosas contra indígenas, ribeirinhos, agentes de pastoral, quilombolas, camponeses, populações urbanas e ambientalistas. Por isso, queremos somar com todas as igrejas e nações exploradas, nessa convocação Pan-Amazônica, e resistir a toda forma de colonização econômica, política, histórica, cultural e ambiental do capital imperialista, em nome de uma nova ordem social livre, fraterna e justa.

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