Atingidas por Guapiaçu expõem arpilleras no Rio de Janeiro
No Centro Cultural Wellington Lira (Cawell), em Cachoeiras de Macacu, está em cartaz a exposição de arpilleras Em defesa da vida: mulheres atingidas bordando a resistência. Inaugurada nesta segunda-feira (30), […]
Publicado 01/10/2019
No Centro Cultural Wellington Lira (Cawell), em Cachoeiras de Macacu, está em cartaz a exposição de arpilleras Em defesa da vida: mulheres atingidas bordando a resistência. Inaugurada nesta segunda-feira (30), a mostra fica até sexta-feira (4).
Construídas em oficinas coletivas pelas mulheres atingidas pela barragem do Guapiaçu, as peças foram produzidas no âmbito do projeto Educação popular, direito e participação social: Bordando a vida das mulheres atingidas por barragens, desenvolvido por meio de parceria entre o Movimento dos Atingidos por Barragens e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ).
Arpillera é uma técnica originária do Chile, onde são costurados retalhos de tecido sobre juta. As mulheres chilenas utilizaram a ferramenta entre as décadas de 70 e 90 para denunciar as atrocidades cometidas durante a ditadura de Augusto Pinochet. Costurando figuras que ilustravam denúncias e memórias dos desaparecidos durante o regime, ao fazer as arpilleras, as chilenas conseguiram fortalecer o movimento de resistência e dar visibilidade nacional e internacional sobre as violências sofridas.
É com esse sentido político que mulheres atingidas por barragens e integrantes do MAB resgataram a técnica, denunciando violações ambientais, sociais e culturais que as atingem como consequência do modelo de construção de barragens adotado no país.
Nossas vidas precisam ser costuradas, precisamos encontrar o fio, a juta, a linha que irá reconstruir um sentido. Boa parte desse caminho se revela na organização de resistência às barragens. Assim, as arpilleras têm sido um caminho para denunciar nossas histórias negadas, afirmam as atingidas.
É nessa dialética da crítica-proposição que as arpilleras das mulheres brasileiras se entrelaçam com as arpilleras dialogantes de todo o mundo, onde as denúncias das violações aos direitos humanos das mulheres são costuradas junto com o anseio de que outro mundo é necessário e possível.