No dia do Cerrado, MAB reafirma importância de proteger o bioma

No dia do Cerrado, 11 de setembro, atingidos do Oeste da Bahia participam de Romaria em defesa do Bioma

6a Romaria do Cerrado, em Coribe, na Bahia. Foto: Arquivo MAB

Nesta quarta-feira (11), é comemorado o dia do Cerrado, o segundo maior bioma do continente. Com 5% da biodiversidade do mundo, por lá são identificadas quase 12 mil espécies de plantas e diferentes tipos de peixes, anfíbios, répteis, aves e outros animais.

Na Bahia, em Coribe, o Movimento dos Atingidos por Barragens participou da 6ª edição da Romaria do Cerrado que tem por objetivo chamar a atenção para a defesa deste importante ecossistema.

Andreia Neiva, da coordenação nacional do MAB, exemplifica a situação de má conservação do Cerrado brasileiro: “Somente no município de Coribe são 41 afluentes que morrreram ou diminuiram o volume, entre rios, córregos e veredas, se formos somar os mais de 20 municípios do oeste da Bahia esse número será assustador. É preciso um estudo sério e mudar, de vez, o foco de desenvolvimento que é previsto para a região. Sem isso, os conflitos só vão aumentar”, afirma.

Com relação aos conflitos sociais da região, Andreia explica que os bens naturais estão no centro do debate. “A questão agrária e a questão hídrica não temos nem como separar. Aqui, a gente não sabe quando começa e termina o conflito agrário e quando começa e termina o conflito hídrico. É tudo junto, ao mesmo tempo, porque as áreas com as nascentes são justamente as áreas das comunidades tradicionais. Os grileiros do agronegócio querem tomar o pouco que sobrou, e o que está em pé são as áreas dessas comunidades”, relata a militante do MAB.

Foto: André Borges / Agência Brasília

“A região é extremamente importante para todo o território nacional, nós costumamos dizer que o cerrado é a caixa d’água do Brasil, aqui nascem as principais bacias, fora a Amazônia. O país tem uma relação vital com o cerrado, para além da questão da água, tem todo o elemento cultural e simbólico da relação constituída por esses povos, chamamos de povos geraizeiros, porque conhecemos carinhosamente o cerrado como ‘gerais’.”, pontua Andreia.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, pouco mais de 8% do Cerrado é legalmente protegido por unidades de conservação. A maioria das unidades é de uso sustentável.

Andreia Neiva destaca a luta do povo do cerrado: “o povo aqui está reagindo para proteção, fazem a luta pelos rios vivos, para nós e para as próximas gerações”.

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