Passados mais de 20 dias do rompimento da barragem de Quati, no município de Pedro Alexandre, na Bahia, a situação das famílias é de incerteza
Publicado 02/08/2019 - Atualizado 21/08/2024
Já se passaram mais de 20 dias desde o rompimento da barragem de Quati, no município de Pedro Alexandre, na Bahia, e até hoje as famílias não têm informações claras sobre seu futuro. Engenheiros da Defesa Civil realizaram estudos e visitas na região atingida, mas as famílias não tiveram acesso a essas informações e aos laudos oficiais. Moisés Borges, da coordenação regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) afirma que “há uma necessidade urgente de que os atingidos tenham acesso a esses laudos, e saibam oficialmente qual será seu destino. É preciso saber que vai acontecer com as casas que estão em área de risco, as que estão trincadas, as que precisaram de reformas e as que serão demolidas devido ao rompimento da barragem e às enchentes”. Para isso, é preciso que exista um Boletim Oficial que sirva como fonte de referência para as famílias.
Outro ponto muito importante é o acesso aos laudos de todas as barragens da região. Várias já receberam visitas técnicas do Corpo de Bombeiros e da própria Defesa Civil, mas as famílias também não receberam esses dados. O coordenador do MAB disse: “As autoridades precisam garantir informações precisas de se há risco de rompimento ou não em outras barragens, e quais vão ser os procedimentos em relação a isso, pois ainda há o temor na cabeça das pessoas de que outras barragens possam romper, e isso coloca todo mundo em um estado permanente de alerta que é extremamente desgastante do ponto de vista psicológico para as famílias”.
Diante desta situação, os atingidos e atingidas e os órgãos públicos devem construir um plano para o desenvolvimento e reconstrução económica dos dois municípios. Borges aponta que “é preciso pensar obras de infraestrutura para evitar novas enchentes, reativar economicamente as áreas rurais do município, e estimular a produção, principalmente das pessoas que perderam tudo”. E acrescenta: “para conseguir esse objetivo é preciso levantar as perdas através de uma assistência técnica independente, que permita monitorar a situação, e propor um plano de desenvolvimento”.
O MAB continua atuando na região, com uma brigada integrada por seis militantes de três estados (Bahia, Pernambuco e Ceará), que estão trabalhando diariamente na organização e garantia de direitos das famílias atingidas, a partir da experiência acumulada nos crimes da Vale em Mariana e Brumadinho.