O Movimento está acompanhando às famílias atingidas da região afetada pelo rompimento da barragem de Quati (BA) e contribuindo nos trabalhos de auxílio
Publicado 19/07/2019 - Atualizado 21/08/2024
Uma brigada do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) chegou no município coronel João de Sá, na Bahia, região atingida pelo rompimento da barragem de Quati, acontecido na quinta feira 11 de julho. Integrada por sete militantes provenientes dos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Minas Gerais, a brigada está acompanhando as famílias atingidas, contribuindo nos processos de auxílio imediato, e ajudando na organização do povo para conseguir garantir seus direitos.
A destruição
A Defesa Civil está realizando uma vistoria, que se estima seja concluída hoje (19/7). Mas segundo os primeiros dados extraoficiais, entorno de 200 moradias serão demolidas. Esse número ainda pode crescer, já que a vistoria ainda não alcançou todas as casas onde a água chegou. Mas ao todo, 521 domicílios foram afetados pela água, e entorno de 100 famílias perderam tudo. Essa situação faz com que essas famílias não possam voltar às casas, e aguardem nos abrigos disponibilizados. Nesta difícil situação, o MAB está visitando todos os abrigos, conversando com as famílias, prestando apoio psicológico e emocional aos atingidos e atingidas, solidariedade e orientação.
Fernanda Rodrigues, militante do MAB que integra a brigada, disse que a situação é preocupante em relação aos móveis: “Foram recebidas muitas doações de roupas e alimentos, no entanto, há um pasivo muito grande em relação aos móveis e eletrodomésticos. Nós do MAB entendemos que para resolver essa situação é necessária uma reparação coletiva onde todos os atingidos sejam indenizados. E que o estado, seja município, a união ou da Bahia, façam essa reparação, já que é um problema de estado e não um problema individual sujeito à boa disposição das pessoas”.
Medidas provisórias
Ontem (18) se disponibilizou o cadastro de casas que tem condições de ser alugadas, para logo cadastrar as famílias que receberão esse auxílio. A preocupação do MAB, é que provavelmente o município não terá capacidade de abrigar todas as famílias. Até o momento, só 34 casas foram cadastradas para aluguel, e a estimativa é que mais de 100 famílias vão precisar do aluguel social. Rodrigues afirma: “é preciso elaborar um plano para que todas essas famílias tenham garantida sua moradia, e estamos trabalhando nesse sentido”.
Existe um comitê de crise, composto por todos os órgãos que estão dando apoio na região: Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Prefeitura Municipal, Câmara dos Vereadores, Movimento dos Atingidos por Barragens. Rodrigues explica que o acordo que foi feito nesse comité, é de que todas as famílias serão cadastradas, e que no caso das famílias que moram de aluguel será cadastrado quem mora no domicílio que foi atingido, e a família dona do imóvel. Porém, o MAB inicia hoje um cadastro independente de todas as famílias que foram atingidas.
Trabalho e solidariedade
O MAB está trabalhando em parceria com a parroquia de João de Sá, na figura do padre Thiago, que está recebendo muitas doações a dando apoio às famílias. O momento é de muita importância, pois a notícia da demolição das casas e a falta de definição sobre a moradia está tendo um impacto psicológico muito forte na comunidade, gerando desânimo e tristeza.
Explica Fernanda: “Já estamos em contato com a Secretaria do Governo do Estado, para que envie profissionais para ajudar nesse trabalho, pois essa situação irá se intensificar. Nosso papel agora é dar apoio emocional, organizar o povo para que se fortaleça coletivamente, consiga lutar por seus direitos e não adoeça”.