Creche dom Luciano será reaberta em Congonhas graças à pressão do povo e da justiça
Justiça bloqueia R$3 milhões da mineradora CSN, para garantia de funcionamento da Creche Dom Luciano e da Escola Municipal Conceição Lima Guimarães em local seguro. Juntas, as entidades de ensino […]
Publicado 12/07/2019
Justiça bloqueia R$3 milhões da mineradora CSN, para garantia de funcionamento da Creche Dom Luciano e da Escola Municipal Conceição Lima Guimarães em local seguro. Juntas, as entidades de ensino abrigam mais de 180 crianças.
Foto: Isis Medeiros
A empresa é proprietária da barragem Casa de Pedra, localizada na histórica cidade de Congonhas patrimônio dahumanidade -, em Minas Gerais, que coloca centenas de famílias em desespero pela proximidade com bairros urbanos. As duas instituições não puderam iniciar o ano letivo de 2019 porque estão em área de risco, muito próximas da barragem. Os estudantes da escola foram transferidos pra outro espaço, mas enfrentam sérios transtornos com o transporte.
O bloqueio foi pedido pelo Ministério Público de Minas Gerais a partir de mobilização das famílias atingidas pela barragem. A última manifestação foi no dia 13 de junho, em frente ao fórum da cidade, apoiando iniciativa da promotoria sensível à reivindicação dos atingidos.
A CSN, de forma prepotente, divulga nota afirmando não haver necessidade de a Creche Dom Luciano transferir-se para área segura. Felizmente os atingidos não acreditam na empresa. O Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB considera a postura da CSN uma temeridade. Não se pode pagar pra ver depois do que ocorreu em Mariana e Brumadinho; ainda mais no caso de crianças, cuja atenção deve ser prioridade absoluta e precisam usufruir dos benefícios da creche em local seguro.
Existem 24 barragens de rejeito em Congonhas. Somente o Complexo Casa de Pedra acumula 90 milhões de toneladas de rejeito, 7 vezes o volume de Brumadinho, e está localizado na área urbana, a menos de 200 metros das casas e bairros onde moram pelo menos 5 mil pessoas.
O MAB ajudou no processo de preparação da 28ª Romaria dos Trabalhadores e trabalhadoras, com o tema Mineração para quê e para quem? por uma economia a serviço da vida. Ela ocorreu em Congonhas, no dia 1º de maio de 2018. Desde então, veio intensificando presença na cidade. Com o rompimento de Brumadinho e aumento do sentimento de insegurança do povo, houve grandes mobilizações, inclusive com visita às dependências da CSN para cobrar explicações da empresa. Entre os principais pontos de pauta, em debate, estão os direitos dos atingidos, especialmente a transferência da Creche Dom Luciano e a relocação das famílias – que assim o desejam – para local seguro.
No último período, o Movimento, em articulação com seus parceiros, vêm desenvolvendo um processo de fortalecimento da organização popular, que vai desde espaços de formação a mobilizações. Uma das propostas é fazer ecoar o nosso grito no Grito dos Excluídos, que acontece no dia 7 de setembro com o tema Este sistema não vale!.