Cuba recebe nova etapa de formação do MAR
A ilha revolucionária foi a sede de mais uma nova etapa de construção do Movimento de Afectados por Represas en Latinoamérica (MAR), organização que nuclea organizações e movimentos populares de […]
Publicado 16/05/2019
A ilha revolucionária foi a sede de mais uma nova etapa de construção do Movimento de Afectados por Represas en Latinoamérica (MAR), organização que nuclea organizações e movimentos populares de 14 países do continente empenhados na construção de um Projeto Energético Popular.
Aconteceu em Santiago de Cuba, entre os días 23 de abril e 3 de maio a quarta etapa de formação da segunda turma do Movimiento de Afectados por Represas en Latinoamérica. A etapa incluiu recorridos pela Serra Maestra, berço da Revolução Cubana que derrotara a ditadura de Fulgencio Batista no dia 1o de janeiro de 1959. Cada integrante da turma foi adotado por uma família da Serra, e os percursos incluíram visitas a empreendimentos produtivos comunitários, de famílias que produzem carne com um mínimo impacto ambiental e produzem gás para uso comunitário utilizando o esterco dos animais como matéria-prima. Essa energia é utilizada também para abastecimento de água e produção de outros alimentos. Estava acontecendo também na região, e os militantes participaram, o Encontro Nacional dos usuários de Biogás. A recorrida incluiu também diversos atos políticos e culturais, inclusive o mítico ato do 1o de maio.
Josivaldo Alves, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), participante da experiência, relata: É um modelo de sociedade, fruto de uma revolução de caráter socialista, que tem valores e os princípios bem diferentes dos que regem a sociedade capitalista. Eu sai de Cuba muito convencido de que esse pais tem coisas que nós temos que ter a grandeza de reconhecer, respeitar, e tentar se aproximar. E nesse sentido, aponta como um elemento central a unidade: A unidade nacional, no partido, no governo, e no povo através dos Comités de Defesa da Revolução (CDR) é impressionante. Outro aspecto é o espirito de sacrifício, para não ceder nem recuar, não se deixar iludir e perder de vista as conquistas da revolução. Conquistas que fazem com que o povo viva bem, se alimente bem, tenha saúde, educação e cultura de qualidade, sempre público, do Estado e do povo ao mesmo tempo.
Por outro lado, destaca a solidariedade, que viveu em carne própria: A solidariedade do povo cubano aos povos do mundo é uma coisa impressionante que nos chamou muito a atenção. Seja um morador urbano, família urbana, camponesa, trabalhadora, médico, é de uma solidariedade e de um carinho pelo outro, que eu nunca vi isso em nenhuma outra parte.
Deisy Avendaño, do movimento Patagonia Sin Represas, que também constrói o MAR, afirma: Depois de ver na prática o socialismo, apesar do bloqueio, à falta de tecnologias, Cuba nos entrega uma lição de dignidade, internacionalismo e convicção. E tudo isso graças à educação, a um povo informado e educado, um povo que divide o que tem e não o que sobra, um povo que reivindica o nome de Fidel com orgulho e agradece à revolução as garantias do básico que necessita uma família para viver: saúde, moradia, terra para cultivar e cultura. E agrega: Cuba é um país com importantes avanços em diferentes áreas da ciência, da saúde, do meio ambiente e outros.
Em relação à solidariedade, Josivaldo destaca outro elemento: o internacionalismo, que implica a luta contra o imperialismo e que é um eixo fundamental do modelo cubano. O militante explica: Eles têm muito claro a importância e o dever de enfrentar o imperialismo. Sem rodear nas palavras. O inimigo principal no sistema capitalista é conduzido pelos americanos, e para eles é fundamental a resistência e a ampliação da luta pela paz. São mais de onze milhões de pessoas dispostas a defenderem -independentemente dos limites e das dificuldades- aquele modelo de sociedade, aquela justiça implantada ali, aquele povo quer avançar cada vez mais.
O novo contexto latino-americano, analisa Josivaldo Alves faz com que Cuba precise muito da solidariedade internacional, e sobre tudo latino-americana, já que vivemos um momento de extrema delicadeza, em que o bloqueio se amplia, e a esquerda está sendo destruída e fecha: Sai de Cuba convencido de que o povo brasileiro e a esquerda tem condições de resistir, e avançar rumo ao uma sociedade mais justa.