Na Europa, MAB debate questão energética e violação de direitos das transnacionais
Viagem começou com eventos na ONU, em Genebra; membros do movimento percorrem, agora, outros países para fazer articulações e conhecer outras experiências Em viagem pela Europa desde o […]
Publicado 28/03/2019
Viagem começou com eventos na ONU, em Genebra; membros do movimento percorrem, agora, outros países para fazer articulações e conhecer outras experiências
Em viagem pela Europa desde o dia 04 de março, militantes do Movimento dos Atingidos por Barragens denunciam as violações dos direitos humanos causadas por empresas transnacionais, como é o caso da Vale – com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, o saldo até o momento é de 216 mortes e 89 desaparecidos, além da devastação do ecossistema do Rio Paraopeba.
Para debater o tema de forma macro e conhecer outras experiências de diálogo entre os atores de situações que envolvem sociedade e empresas, a coordenadora do MAB, Letícia Oliveira participou de um seminário promovido pela Transnational Institute (TNI) realizado em Amsterdam na segunda-feira (18). O tema do evento foi “Multi-stakeholderism”, um modelo de negociação de impactos do mercado na sociedade.
Letícia Oliveira, do MAB, contextualiza: “este é um espaço de negociação com todos os atores para que sejam debatidos os direitos das populações, que muitas vezes não estão tão claros no processo”, explica.
A representante de atingidos por barragens no Brasil pondera: “é colocado que todos têm o mesmo poder, mas a gente sabe que não funciona assim, as empresas que têm muito dinheiro acabam tendo mais poder na negociação. O espaço tem que existir, mas é preciso ter outros espaços em que a população em geral possa ter acesso, sejam também os protagonistas.”, opina.
A Organização das Nações Unidas (ONU) utiliza a metodologia multi-stakeholderism em algumas das ações para tratar determinados acordos, o que levanta críticas.
Em Barcelona, na quarta-feira (20), houve uma reunião com o Observatório da Dívida na Globalização (ODG) para debater o tema da energia e também da financeirização de obras de infraestrutura na Europa e América Latina.
O coordenador do MAB Moisés Borges conheceu duas experiências de cooperativas produtivas e energéticas na Catalunha. O projeto Cal Cases, no município de Santa Maria d’ Oló, que busca construir uma comunidade rural sustentável nas perspectivas alimentar, energética e financeira.
Outra experiência foi junto à prefeitura da cidade de Artès, onde são consolidadas cooperativas de produção e autoconsumo de energia em prédios públicos e casas particulares. Outro ponto do projeto é a remunicipalização dos serviços de água e esgoto.
“Barcelona tem um histórico de solidariedade com defensores de direitos humanos do mundo, e tem buscado parcerias para democratização da água e energia nas cidades. Acreditamos que podemos trabalhar em conjunto para criar alternativas que diminua nossa dependência das empresas transnacionais”, comenta Moisés Borges.
Na quinta-feira (21), o MAB esteve na Prefeitura de Barcelona com o Diretor David Bosch da Cooperação Internacional e Justiça Global falando sobre possíveis parcerias com o Brasil. No sábado (23), o movimento participou da Marcha pelo Clima, passeata contra as grandes obras que causam devastação ambiental em Roma, na Itália.
“Estamos aqui para denunciar e pressionar as empresas violadoras de direitos. Temos chamado a atenção para Brumadinho e toda a situação de retirada de direitos e violência contra defensores de direitos humanos no Brasil. As organizações compreendem bem as denúncias que temos feito e nos ajudam a propor ações de solidariedade aqui na Europa.”, afirma Letícia Oliveira, da coordenação do MAB.