MAB participa de protocolo da CPMI de Brumadinho

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) denunciou a Vale no Congresso Nacional e pautou a criação de uma Comissão Parlamentar Mista que investigue o crime.

 Na tarde desta quarta-feira (13), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou junto com deputados e senadores da bancada mineira no Congresso Nacional do ato de protocolo do requerimento para a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) que irá investigar as causas e os desdobramentos do crime da Vale em Brumadinho. 

O documento, apressentado hoje no Senado Federal, tem 235 assinaturas de senadores e deputados federais pedindo que a Comissão de Investigação seja mista. O MAB entende que o formato de comissão mista concentra os esforços de investigação e o foco político contra a dispersão e o desvio de finalidade que pode ocorrer com duas CPIs  simultaneas, uma no Senado e outra na Câmara dos Deputados.

Durante a manhã, no  Plenário da Câmara dos Deputados, aconteceu reunião da Comissão Especial para discutir o assunto com ampla participação de movimentos e parlamentares de todos os partidos. Na oportunidade, Thiago Alves, integrante da coordenação nacional do MAB afirmou: “Queremos que sejam criados instrumentos reais e concretos que permitam evitar que existam novos crimes como este e para isso é muito importante que as duas casas instalem uma CPMI, que  para avalie de forma profunda não só o crime de Brumadinho, mas todo o processo da mineração no Brasil, especialmente, em Minas Gerais”. Para Alves, “é precisso entender a caixa preta da mineração, que é uma caixa preta de morte”.  

Thiago Alves, do MAB, hoje no Plenário da Câmara dos Deputados. 

No seu discurso, o militante denunciou a Vale: “Denunciamos de forma muito clara a Vale e esse modelo de mineração, que é um modelo que gera morte. Não estamos aqui fazendo um discurso explosivo, estamos aqui apressentando números, dados objetivos que evidentemente são muito mais do que números: são vidas”. O Movimento tem o acúmulo de experiência e trabalho ao longo de toda a bacia do Rio Doce após o crime da Samarco em 2015 e até hoje acompanha a organização e a luta das famílias atingidas por direitos. Neste sentido, Alves denunciou o papel da empresa: “A Vale se recusa a respeitar qualquer proceso coletivo de negociação não aceitando pautas básicas dos atingidos. Tenta desorganizar as comunidades criando um ambiente de medo, truculência, amedrontamiento  e criminalização contra a organização popular”. 

O MAB espera que a CPMI permita uma investigação profunda das causas e consequências do crime de Brumadinho, bem como que dela surjam  propostas concretas de legislação que endureçam a fiscalização de barragens, assim como a punição de criminosos reincidentes como a Vale.