PGR e Diocese de Guarabira repudiam assassinatos de Sem Terra

Entidades e organizações manifestaram apoio ao MST e aos familiares dos dois Sem Terra brutalmente assassinados NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO DA PGR A Procuradoria Geral da República (PGR), a […]

Entidades e organizações manifestaram apoio ao MST e aos familiares dos dois Sem Terra brutalmente assassinados

NOTA DE SOLIDARIEDADE E REPÚDIO DA PGR

A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, vêm a público manifestar solidariedade às famílias de José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando Bernardo, e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite do sábado, 8 de dezembro de 2018. As duas vítimas eram militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba e foram mortos no Acampamento Dom José Maria Pires, localizado no município de Alhandra, na região sul do estado.

Orlando era irmão do coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens na Paraíba (MAB/PB), Osvaldo Bernardo, que também integra a coordenação nacional do MAB. Desde o início da década, o Ministério Público Federal, através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, atua em defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela construção da barragem de Acauã, construída no final dos anos 90, no Agreste paraibano.

Orlando é o segundo irmão de Osvaldo Bernardo a ser morto por execução. O primeiro, Odilon Bernardo da Silva Filho, que também integrava a coordenação do MAB de Acauã, foi assassinado em 2009, aos 33 anos, numa emboscada, à noite, quando voltava para sua residência, depois de um encontro com amigos e militantes do MAB. 

Após a morte de Odilon, Osvaldo entrou para o programa de proteção aos defensores dos direitos humanos. Agora, a dois dias da comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), mais um irmão de Osvaldo é assassinado, fato que preocupa diante do contexto sombrio de violência contra os movimentos sociais e demonstra quão distante ainda estamos da efetivação dos direitos garantidos pela Declaração. 

Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei.  

Raquel Dodge

Procuradora-Geral da República

Deborah Duprat

Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão

José Godoy

Procurador Regional dos Direitos do Cidadão

A Diocese de Guarabira, na pessoa do seu representante legal, Dom Aldemiro Sena dos Santos, também repudiou as execuções de dois trabalhadores do Movimento Sem-Terra da Paraíba (MST), no acampamento Dom Jose Maria Pires em Alhandra, ocorridas na noite deste sábado (08/12).

Dom Aldemiro aproveitou e cobrou justiça destacando: “o direito à impunidade não existe e nem deve existir!”.

Confira a nota: 

A Diocese de Guarabira vem publicamente repudiar e, ao mesmo tempo, manifestar irrestrita solidariedade aos familiares de José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino, brutalmente assassinados na noite deste sábado (08/12), no acompanhamento Dom José Maria Pires no Município de Alhandra. O episódio representa uma grave violação dos direitos humanos e um atentado ao Estado Democrático de Direito.

No entanto, não é de hoje que “a mão armada do latifúndio” vem fazendo vítimas. Há 35 anos foi derramado o sangue da líder sindical Margarida Maria Alves, num ato igualmente brutal e covarde. Zé Vicente, o poeta das comunidades, eternizou esta lembrança com acordes de encorajamento coletivo, quando cantou: “Não faz muito tempo, seu moço nas terras da Paraíba, viveu uma mulher de fibra Margarida se chamou. E um patrão com uma bala tentou calar sua fala e o sonho dela se espalhou”. 

Através da CPT – Comissão Pastoral da Terra, nossa Igreja particular acompanha a luta de dezenas de famílias excluídas por um sistema opressor e desumano, que na luta por uma sobrevivência digna são perseguidas e violentadas. Encorajamos esses trabalhadores que lutam organizadamente e civilizadamente, pois ouvimos os mandamentos do Mestre Jesus e trabalhamos por uma cultura de paz e fraternidade, onde justiça e paz se abraçarão, contra o ódio e a guerra. A vida em primeiro lugar! 

De acordo com uma nota oficial divulgada pelo MST-PB, homens encapuzados invadiram o acampamento enquanto o grupo jantava, e efetuaram diversos disparos contras as vítimas, que não resistiram e morreram no local. Isto é inaceitável! 

Aproveitamos para cobrar justiça! O direito à impunidade não existe e nem deve existir! 

*FOTOS: Reprodução

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