Atingidos pelo crime da Samarco escolhem primeira Assessoria Técnica em Colatina-ES após o TAC Governança
Na noite de 31 de outubro de 2018, na semana em que se completam três anos do maior desastre socioambiental da história do Brasil, protagonizado pelas mineradoras Samarco, Vale e […]
Publicado 01/11/2018
Na noite de 31 de outubro de 2018, na semana em que se completam três anos do maior desastre socioambiental da história do Brasil, protagonizado pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP, mais de cem atingidos escolheram a Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual (ADAI) como a entidade que prestará a Assessoria Técnica no município de Colatina, no Espírito Santo. Estavam presentes atingidos de 20 bairros, organizados pela Comissão de Atingidos de Colatina e Marilândia.
O acontecimento representa um marco para a luta dos atingidos pelo crime de Mariana a Bacia do Rio Doce. Os atingidos e atingidas estão organizados e reunindo-se desde a chegada da lama de rejeitos na Comissão Regional para se preparar para a chegada da Assessoria. É a primeira região a fazer a definição da entidade que prestará a Assessoria Técnica após a homologação do TAC Governança.
Foram anos de organização e luta para pressionar o poder público a reconhecer a importância de um corpo técnico que responda aos atingidos, e hoje finalmente foram escolhidos pelos próprios atingidos, afirma Tchena Maso, do Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB.
O auditório cheio refletiu a expectativa da aprovação. Mais de um mês se passou desde a apresentação das entidades credenciadas e a possibilidade de escolha dos atingidos. A escolha estava marcada para o dia 20 de outubro, e foi adiada em amis de dez dias pelo grupo Fundo Brasil de Direitos Humanos.
O povo organizado nas Comissões de Atingidos pede que esse processo ocorra de forma acelerada. A necessidade de profissionais responsáveis por executar junto com os atingidos os planos de reparação, medidas emergenciais até hoje não sanadas, assessoria de todo tipo e indenizações, são urgentes. São 3 anos de descaso, afirma Tchena.
O movimento afirma que a lentidão acaba por prejudicar os atingidos, já que as violações são aumentadas, os danos, as incertezas, os problemas que seguem se renovando cotidianamente. São advogados de rapina, nacionais e agora internacionais, que criam mentiras e obrigam as pessoas a assinarem procurações absurdas com valores para serem transferidas pra eles mesmos. São também negociações em salas fechadas com, com mais de dez advogados das mineradoras e o povo atingido fica acuado, afirma a atingida da Comissão Márcia Maria. Ela explica que esses são alguns poucos exemplos da importância da Assessoria Técnica nos municípios, para que possam ser acompanhados e saibam claramente de sues direitos.
A felicidade de cumprir mais uma etapa do processo se evidenciou na aclamação da ADAI como entidade da Assessoria Técnica, reafirmando a confiança do povo no trabalho da entidade. A noite terminou em festa, apontando as expectativas para a efetivação da Assessoria no território.