Grito dos Excluídos 2018: Desigualdade gera violência, basta de privilégios!
No dia em que lembramos a declaração de independência do Brasil, acontece também por todo o país a edição de 2018 do Grito dos Excluídos, protesto anual idealizado por pastorais […]
Publicado 06/09/2018
No dia em que lembramos a declaração de independência do Brasil, acontece também por todo o país a edição de 2018 do Grito dos Excluídos, protesto anual idealizado por pastorais e movimentos populares. O ato não acontece em 7 de setembro por acaso: é um convite àqueles tomados pelo espírito de patriotismo para um debate sobre a construção de uma nação mais democrática e menos desigual.
“O fato de os movimentos populares ocuparem nas ruas no dia 7 para poder expressar os seus gritos e manifestações políticas, culturais e sociais, é também uma forma de tirar os espectadores das bancadas, onde as pessoas assistem os desfiles militares. Uma forma deles saírem da posição de espectador para a posição de protagonista na rua. Apresentando agendas de interesse para a maioria da população que é afastada dos direitos, afirma José Carlos Pereira, do Centro de Estudos Migratórios e participante do Grito dos Excluídos.
Com um tema nacional a cada edição, o protesto acontece desde 1995 e se configura em atividades como caminhadas, atos públicos, seminários, aulas e palestras ao longo da semana do dia 7 de setembro em diversas capitais do Brasil. Em 2018, o 24º Grito dos Excluídos/as traz como lema Desigualdade gera Violência: Basta de Privilégio. José Carlos explica a escolha por conta do atual cenário político de golpe e retrocessos sociais.
Então esse tema vem questionar tudo isso por um lado e por outro lado também vem afirmar que há agendas outras possíveis de serem construídas, retomando o projeto popular para o Brasil, ressalta Pereira.
Por ser um ato nacional e orgânico, o Grito dos Excluídos não conta com uma agenda definida, mas as atividades acontecem em todos os estados do país, de acordo com o contexto e as demandas dos envolvidos locais. A organização regional reflete justamente o caráter popular e democrático do ato desde sua primeira edição em 1995.
Ele nasce de um conjunto de atividades, portanto ele é um grito que pertence aos mais diversos movimentos de mulheres, homens, jovens, quilombolas e também de instituições compromissadas com os direitos humanos, aponta Pereira.
Em São Paulo, serão dois atos no dia 7 de setembro. O primeiro terá início às 9 horas da manhã, na Praça Oswaldo Cruz, com caminhada finalizando no Monumento das Bandeiras. O segundo ato acontece às 10 horas da manhã no Largo São Francisco, com caminhada pelo centro da cidade e encerramento do ato na Praça do Correio com uma homenagem ao falecido bispo João Paulo Evaristo Arns.
História do Grito dos Excluídos/as
A proposta do Grito surgiu no Brasil no ano de 1994 e o 1º Grito dos Excluídos foi realizado em setembro de 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade do mesmo ano, que tinha como lema Eras tu, Senhor, e responder aos desafios levantados na 2ª Semana Social Brasileira, cujo tema era Brasil, alternativas e protagonistas. Em 1999 o Grito rompeu fronteiras e estendeu-se para as Américas.
O Grito dos Excluídos é uma manifestação popular carregada de simbolismo, é um espaço de animação e profecia, sempre aberto e plural de pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos.
O Grito é uma descoberta, uma vez que agentes e lideranças apenas abrem um canal para que o Grito sufocado venha a público.
O Grito brota do chão e encontra em seus organizadores suficiente sensibilidade para dar-lhe forma e visibilidade. O Grito não tem um dono, não é da Igreja, do Sindicato, da Pastoral; não se caracteriza por discursos de lideranças, nem pela centralização dos seus atos; o ecumenismo é vivido na prática das lutas, pois entendemos que os momentos e celebrações ecumênicas são importantes para fortalecer o compromisso.
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*Via Brasil de Fato, com informações da Rede CEBS do Brasil